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CNI duvida de conclusão da Rodada de Doha neste ano

Por RAYMOND COLITT
Atualização:

A Confederação Nacional da Indústria elogiou na terça-feira os sinais de avanço nas discussões comerciais da Rodada de Doha, mas mostrou-se cética quanto à possibilidade de uma conclusão neste ano. "Houve progressos, mas, com uma crise financeira global e as eleições dos EUA, será muito difícil concordar a respeito dos números finais", disse à Reuters Soraya Rosar, diretora de negociações internacionais da CNI. Como líder do G20 (grupo de países em desenvolvimento que pressionam pela redução dos subsídios à agricultura), o Brasil é um dos principais participantes da Rodada de Doha. Na semana passada, os presidentes do Brasil e da Comissão Européia se declararam otimistas com a possibilidade de um acordo em breve. O negociador brasileiro, embaixador Roberto Azevedo, disse na segunda-feira à Reuters que a maior flexibilidade dos EUA e dos europeus, em especial a respeito de tarifas industriais, vem facilitando as negociações nas últimas semanas. Pela nova proposta em discussão, grandes países em desenvolvimento, como Brasil e Índia, poderiam optar por um corte geral menor nas tarifas industriais, mas com poucas exceções, ou por um corte geral mais elevado, embora com mais exceções. Mas chegar a cifras concretas continuará sendo complicado, na avaliação de Fernando Pimentel, diretor da Associação Têxtil Brasileira. "Deus e o diabo estão nos detalhes. É um bom começo, mas na devemos depender da Rodada de Doha", afirmou Pimentel, favorável a mais acordos bilaterais. Para Mario Marconini, diretor de negociações internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), "os sinais não são particularmente bons". "A Casa Branca parece mais otimista do que a representante comercial dos EUA", disse ele, comentando recentes reuniões que teve com autoridades em Washington. O Brasil também tem dúvidas quanto ao apoio de seus aliados. "Não sabemos se nossos parceiros -- como África do Sul e Argentina -- ficarão ao nosso lado," disse Marconini. O Brasil propôs exceções que totalizam 13 por cento dos produtos manufaturados, inclusive certos calçados, têxteis e produtos químicos. A lista argentina de exceções chega a 16 por cento, bem acima dos 10 por cento inicialmente propostos na Rodada de Doha, segundo Rosar, da CNI. Sendo membros do Mercosul, ambos os países coordenam suas propostas. Para Rosar, "a única forma de concluir a Rodada Doha neste ano é se todos concordarem com um acordo menos ambicioso." Azevedo viaja no domingo a Genebra para retomar as negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio.

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