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CNI já prevê alta de 5% na produção e nas vendas

Resultado de agosto indica aumento de 6,5% na demanda e de 4,3% nas horas trabalhadas na produção em relação ao mesmo mês de 2006

Por Renata Veríssimo
Atualização:

O ritmo forte da expansão industrial em agosto levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a prever um crescimento das vendas e da produção em torno de 5% este ano, número semelhante ao recorde de 2004. As vendas cresceram 6,5% em relação a agosto de 2006 e as horas trabalhadas na produção subiram 4,3% no mesmo período de comparação. Outro dado que animou a CNI foi que a expansão da atividade em agosto chegou a praticamente todos os setores da indústria. De janeiro a julho, os setores de alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos e metalurgia básica respondiam por 92% das vendas. Com a inclusão dos dados de agosto, a participação desses setores caiu para 65%. ''''Eles continuam bem. Os outros setores é que ganharam ritmo'''', disse o economista da CNI Paulo Mol. Para ele, no entanto, ainda é cedo para saber se a desconcentração é uma tendência. ''''É difícil saber se é um episódio que veio para ficar.'''' Os dados surpreenderam a equipe técnica da entidade, que estimava para o segundo semestre de 2007 um comportamento semelhante ao do primeiro semestre: crescimento da produção concentrada em poucos setores e expansão das vendas (que mede o faturamento) abaixo dos indicadores de produção e emprego. ''''O crescimento das vendas está num ritmo mais forte do que se imagina a princípio para o terceiro trimestre deste ano'''', afirmou Paulo Mol. A desvalorização de 4,4% do real ante o dólar em agosto impulsionou o faturamento das empresas naquele mês, sobretudo as exportadoras. A taxa média de câmbio em agosto foi de R$ 1,97 por dólar, ante R$ 1,88 em julho. Embora otimista em relação ao resultado no ano, Mol alerta que o real voltou a se valorizar a partir de 30 de agosto, o que pode reduzir o ritmo de crescimento ou mesmo a queda no faturamento das empresas em setembro e outubro. Outro fator positivo nos indicadores de agosto, avalia Mol, é que o crescimento das vendas e da produção veio acompanhado de uma estabilização no uso da capacidade instalada. Isso significa que a indústria está respondendo à maior demanda com a ampliação da sua capacidade produtiva. ''''Isso nos dá confiança na robustez desse atual ciclo.'''' A utilização do parque fabril ficou em 82,3% em agosto, nível que vem se mantendo desde maio. Na avaliação da CNI, o aumento da produção sem a elevação da capacidade instalada indica maturação de investimentos. O emprego industrial cresceu 3,9% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2006, seguindo uma expansão que ocorre há quase dois anos. O setor de alimentos e bebidas concentra 54% do crescimento no acumulado de janeiro a agosto. Têxteis, madeira e vestuário demitiram no período. Os salários pagos subiram 4,8% no ano, mas caíram em relação a julho. Essa queda, segundo Mol, pode ser explicada pelo aumento da inflação em agosto, que reduziu o poder de compra do trabalhador.

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