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Coleta de dados presencial deve melhorar o resultado da Pnad, diz IBGE

Atualmente, pesquisa que apura a situação do mercado de trabalho do País estava sendo feita apenas por meio da coleta telefônica; dependendo da evolução da pandemia, medida poderá ser revista

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta segunda-feira, 12, que retomou parcialmente as atividades presenciais, incluindo a coleta de dados para indicadores econômicos, como os que retratam a taxa de desemprego e a inflação no País. A decisão leva em consideração a evolução da pandemia de covid-19, podendo ser revista em caso de agravamento da crise sanitária.

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Segundo o órgão, algumas atividades consideradas essenciais passaram a ser realizadas presencialmente desde o início de julho, entre elas a coleta de informações para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), para os Índices de Preços, e para Pesquisas Econômicas e Agropecuárias. Houve retomada ainda da coleta sobre divórcios judiciais nas respectivas varas cíveis e de família para as Estatísticas do Registro Civil e das atividades da base territorial para o Censo Demográfico 2022, entre outras.

A decisão deve melhorar o aproveitamento da amostra da Pnad Contínua, que apura a situação do mercado de trabalho no País. Com a pandemia, as visitas aos domicílios foram interrompidas em março do ano passado, e as informações passaram a ser coletadas apenas por telefone, provocando queda na taxa de resposta e distorções no perfil de entrevistados, levantando dúvidas entre alguns economistas sobre a mensuração adequada de alguns aspectos do mercado de trabalho, como o emprego formal, conforme noticiado pelo Estadão/Broadcast em abril.

Dados da Pnad coletados por telefone chegaram a ser questionados por economistas. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

A coleta em campo já recomeçou no início deste mês, mas a obtenção presencial de números de telefone de informantes foi iniciada no mês passado, o que já elevou a taxa de resposta em junho, quando foram coletados os dados referentes ao desemprego em maio, contou Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

A taxa de resposta da Pnad Contínua subiu de 55,8% na pesquisa referente a abril para 57,9% na de maio, apurada até o último 29 de junho. O pior desempenho foi registrado em março deste ano, quando a taxa de resposta foi de apenas 52,5%. Antes da covid-19, a taxa de resposta da Pnad Contínua alcançava 89%. A coleta referente à situação do mercado de trabalho no mês de junho permanecerá em campo até o dia 30 de julho, já com entrevistas presenciais.

“A gente não está voltando tudo, está voltando gradualmente, observando as medidas e protocolos de saúde que o IBGE colocou: manter o distanciamento, usar sempre o álcool gel, máscara. A gente está orientando que as entrevistas sejam feitas na porta, para não fazer dentro do domicílio, mantendo a segurança e a saúde tanto do entrevistador quanto do morador. A gente quer voltar, a gente entende a necessidade, com a premissa de que em primeiro lugar está a vida dos entrevistadores e dos moradores”, afirma Maria Lucia.

Segundo a coordenadora, a coleta presencial será feita apenas nos casos em que não for possível obter os dados pelo telefone, somente “quando necessário e possível”, diz. As unidades estaduais têm autonomia para decidir sobre a coleta presencial condicionada à evolução local da pandemia.

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A expectativa do órgão é de melhora na taxa de resposta em todo o País, o que possibilitará ao IBGE voltar a divulgar dados regionais do mercado de trabalho com mais desagregações, que foram suspensas quando houve dificuldade na coleta.

Readequação

A coleta telefônica de dados sobre o mercado de trabalho no País aumentou a incidência de respostas de jovens, mulheres e idosos na amostra da Pnad Contínua. O IBGE já tratava os dados coletados pela Pnad Contínua ajustando os resultados para o tamanho da população de cada unidade da federação. 

Agora, o instituto está na fase final de ajustar toda a série histórica também em relação à distribuição das pessoas por idade e sexo. Ou seja, essas variáveis serão usadas na construção dos pesos dos informantes para a obtenção do resultado total da pesquisa, o que o órgão acredita que impedirá novos resultados enviesados.

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“É muito mais fácil encontrar jovens ou então mulheres mais idosas no domicílio para prestar informação do que, por exemplo, rapazes solteiros que moram sozinhos”, explicou Maria Lucia. “É o chamado viés de disponibilidade. Isso ficou mais exaltado na entrevista por telefone”, acrescentou.

A coordenadora revelou ainda que o IBGE está estudando se há viés que diferencie as informações prestadas em entrevistas por telefone ou presenciais. O órgão vai acompanhar a identificação do meio de coleta das informações já em agosto para checar possíveis efeitos sobre a incidência de cada tipo de resposta no questionário.

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