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Com 4 ex-presidentes, funcionários do BNDES lotam auditório em ato contra mudança no FAT

Relatório da Comissão Especial da reforma da Previdência retirou recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador como fonte de financiamento; associação de funcionários diz que mudança inviabilizaria R$ 410 bilhões em investimentos em dez anos

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Dois dias após a indicação do engenheiro Gustavo Montezano para assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), servidores da instituição lotaram o auditório de sua sede, no Rio, para protestar contra a retirada da destinação dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) como fonte de financiamento.

Quatro ex-presidentes do banco, nos governos Fernando Henrique Cardoso (Pio Borges), Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (Luciano Coutinho) e Michel Temer (Paulo Rabello de Castro e Dyogo Oliveira) participaram do ato.

Ex-presidentes do BNDES participam de protesto na sede da instituição, no Rio. Foto: Wilton Junior/Estadão

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A ideia de mudar a destinação do FAT está no relatório da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência da Comissão Especial da Câmara, elaborado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), que quer direcionar os recursos para pagar pensões e aposentadorias.

“Estamos aqui para mostrar que essa foi uma má ideia”, afirmou, em discurso, o vice-presidente da AFBNDES, Arthut Koblitz, associação que representa os funcionários do banco, que organiza o ato.

Segundo dados apresentados por Koblitz, embora nas contas apresentadas no relatório de Moreira a mudança leve cerca de R$ 200 bilhões a mais em receita para a Previdência ao longo de dez anos, inviabilizaria R$ 410 bilhões em investimentos no mesmo período. Ainda nos cálculos da AFBNDES, sem esses investimentos, 8 milhões de empregos deixariam de ser gerados.

A mudança também significaria elevar despesas em custeio (na Previdência) em detrimento de gastos com investimentos, de acordo com Koblitz. Outro problema é que a proposta de Moreira não oferece alternativas de financiamento ao BNDES.

“Não temos no mercado fontes adequadas com o perfil de operações de longo prazo”, afirmou Koblitz, lembrando que, dos ponto de vista das finanças públicas, a mudança no FAT só muda a alocação de receita já existente. “No caso do BNDES é mais grave, porque os recursos não vêm para o banco para gasto corrente, vêm para investimentos. Investimentos geram efeitos multiplicadores na economia”, completou o vice-presidente da AFBNDES.

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