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Com 6a queda seguida, Bovespa acumula perdas de 42% em 2008

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

O desespero de Wall Street com os sinais de uma profunda recessão global atropelou a tentativa de recuperação da Bolsa de Valores de São Paulo, que emendou a sexta queda consecutiva. Depois de ter operado no azul na maior parte do dia, o Ibovespa não conseguiu resistir à piora externa e naufragou 3,92 por cento, aos 37.080 pontos. Com isso, o índice já acumula desvalorização de 42 por cento em 2008. O giro financeiro somou 5,54 bilhões de reais. Sem notícias de outras instituições financeiras perto do colapso ou de fracassadas ações de governos para conter novos focos de crise sistêmica, os mercados esboçavam um dia de recuperação. Na bolsa paulista, esse movimento foi mais acentuado. Munidos de relatórios de bancos com comentários ainda moderadamente positivos para algumas companhias, caçadores de barganhas detonaram ordens de compra para algumas ações, como Vale. Foi o suficiente para manter o Ibovespa na contramão de Wall Street, onde os índices logo retomaram a tendência recente de perdas, em meio ao incontrolável medo dos investidores de que ainda haja mais esqueletos no armário. Receio que não foi contornado com as declarações do secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, de que a instituição pode injetar capital nos bancos do país que estiverem em dificuldades. O clima azedou de vez à tarde, depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor's colocou os ratings das montadoras Ford e General Motors em perspectiva negativa, citando os efeitos negativos da crise financeira. Em menos de uma hora, os índices das bolsas nova-iorquinas mergulharam para quedas de mais de 7 por cento. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq desceram ao menor nível em mais de 5 anos. "Qualquer notícia negativa, por menor que seja, é suficiente para detonar uma nova espiral vendedora", disse André Simões, gestor de fundos do Modal Asset. Diante disso, o Ibovespa até conseguiu resistir a quedas mais pronunciadas, apoiada em altas pontuais. BM&F Bovespa, que está no meio de um programa de recompra, subiu 5,4 por cento, para 7,85 reais. América Latina Logística, que revelou não ter registrado perdas em operações com derivativos, desfazendo boatos sobre o assunto, disparou 10,8 por cento, para 10,91 reais. Sadia, que vinha sendo massacrada depois de admitir perda de 760 milhões de reais com essas transações, subiu 2 por cento, para 4,54 reais. Em contrapartida, Aracruz, outra atingida por apostas erradas no mesmo mercado, desabou mais 9,1 por cento, a 3 reais, com a agência Fitch reduzindo o rating da companhia novamente para baixo da categoria de grau de investimento.

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