RIO - O aumento nos preços das carnes, impulsionado pela maior demanda chinesa, foi o principal fator de pressão na prévia da inflação oficial do País em dezembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) acelerou de uma alta de 0,14% em novembro para avanço de 1,05% em dezembro, a maior taxa para o mês desde 2015, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do salto, o cenário não traz riscos adicionais para a condução da política monetária, avaliou o economista Helcio Takeda, da consultoria Pezco Economics. Para ele, o índice foi "pressionado por muitos fatores pontuais".
"Todos esses fatores de alta devem desaparecer ou começar a mostrar algum alívio a partir de janeiro. Temos a impressão de que isso não deve contaminar as expectativas de inflação para 2020", disse o economista da Pezco.
Os preços das carnes subiram 17,71% somente no último mês. Deram uma contribuição de 0,48 ponto porcentual para o IPCA-15, quase metade da inflação.
Para a economista Julia Passabom, do Itaú Unibanco, o fenômeno é pontual. Ela espera que haja alguma devolução desse aumento dos preços já no primeiro semestre de 2020.
"Só ontem (dia 19), o preço da arroba do boi no atacado caiu 9%. Nós vimos uma alta desses preços em novembro, que está sendo repassada para o varejo agora, mas começamos a observar um movimento de reversão", argumentou Julia.
As famílias gastaram 2,59% mais com Alimentação e Bebidas no mês de dezembro. Houve pressões também do feijão-carioca (20,38%) e das frutas (1,67%). Por outro lado, as famílias pagaram menos pela batata-inglesa e pela cebola.
O reajuste nas apostas de loteria teve o segundo maior impacto sobre a inflação. Os jogos de azar aumentaram 36,99%. Também ficaram mais caros os combustíveis e as passagens aéreas. Na direção oposta, houve recuo nos preços de TV, som e informática (-2,09%) e mobiliário (-1,16%).
A taxa acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses passou de 2,67% em novembro para 3,91% em dezembro. Ou seja, a prévia da inflação oficial ainda encerrou o ano de 2019 consideravelmente abaixo da meta de 4,25% perseguida pelo Banco Central.
Para 2020, o Itaú Unibanco prevê uma inflação de 3,5%, aquém da meta de 4,0% para o ano. O banco estima que o Comitê de Política Monetária do BC faça mais dois cortes na taxa básica de juros, encerrando o ciclo de queda em 4,0% ao ano.