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Com aquisição da Inco, Vale deve ser maior investidor da AL

A líder era a Cemex, do setor de construção no México, com US$ 13 bi no exterior

Por Agencia Estado
Atualização:

A aquisição da Inco pela Companhia Vale do Rio Doce deve fazer com que a empresa brasileira suba no ranking das principais companhias do mundo e passe a ser provavelmente a maior investidora latino-americana no exterior nas próximas classificações publicadas pela ONU. No ranking publicado na semana passada pelas Nações Unidas, a Vale aparecia como a 25ª maior companhia de países emergentes com investimentos no exterior, totalizando até então US$ 4 bilhões em ativos no mundo. A líder na região era a Cemex, do setor de construção no México, com US$ 13 bilhões no exterior e na sexta colocação geral entre as empresas de países emergentes. A Petróleos de Venezuela ocupava o nono lugar, com US$ 8,8 bilhões, enquanto a Petrobras vinha na 12ª colocação, com investimentos de US$ 6,2 bilhões. No total, a ONU estima que as empresas de países emergentes investiram US$ 120 bilhões no mundo em 2005, um recorde. Em vendas, somam US$ 1,9 trilhões. Das cem primeiras companhias, porém, 77 delas são da Ásia. Não por acaso, as cinco primeira do ranking também são asiáticas: Hutchison Whampoa de Hong Kong, com US$ 67 bilhões em ativos, seguido pela Petronas da Malásia, Singtel de Cingapura, a coreana Samsung e a CITIC da China. Essas empresas ainda estão longe das líderes dos países ricos, como a americana General Electric, com US$ 448 bilhões em ativos no exterior, seguida pela britânica Vodafone, as americanas Ford e General Motors. Cenário mundial Entre as empresas mundiais que mais investem em pesquisa, a Vale ainda aparece na 260ª posição, de acordo com dados da Comissão Européia. A empresa de mineração gastou 234 milhões de euros em 2005 em desenvolvimento, um incremento de 47% em relação aos investimentos no setor em 2004. Apesar do salto da Vale, o setor privado do Brasil e a América Latina não conseguem acompanhar o grau de internacionalização das empresas asiáticas. Se entre 1980 e 1990 o Brasil era quem mais investia no exterior entre os emergentes, o País foi amplamente superado pelos asiáticos e perdeu a liderança na última década. Hoje, está na sexta colocação em termos de estoque de capital no exterior e, dos US$ 72 bilhões que o Brasil dispõe no exterior, 65% estão em paraísos fiscais. No total, a América Latina investiu US$ 33 bilhões no exterior em 2005, 19% a mais que em 2004. Mas ainda metade do que foi investido pela Ásia. Tendência O investimento da Vale na Inco, porém, segue uma tendência de uma participação cada vez maior de empresas de países emergentes no cenário econômico mundial. Atualmente, as empresas de países emergentes investem no exterior dez vezes mais do que faziam em 1990, com um estoque total de US$ 1,4 trilhão. Em 1990, apenas 19 empresas de países emergentes faziam parte da Lista Fortune das 500 maiores companhias do mundo. Hoje, são 47. A estratégia seguida por muitos delas é a internacionalização como forma de sobreviver à concorrência, seja no setor de mineração, serviços ou tecnologia. União Européia descarta concentração de mercado A União Européia não acredita que a compra da canadense Inco pela Vale criará distorções no mercado europeu, mesmo diante do fato de a empresa brasileira passar a ser a segunda no mundo no setor de mineração. Há poucos dias, a Comissão Européia, braço executivo do bloco de 25 países, deu seu sinal verde para a aquisição. Foi avaliado que, apesar de a empresa canadense também estar no setor do cobalto, cobre, ácido sulfúrico e metais preciosos, não existe nenhuma concentração em seu mercado por causa da aquisição. Uma eventual concentração poderia ocorrer na produção e comercialização do cobre no mercado. Mas em documentos enviados pelas empresas às autoridades européia e que foram obtidos pelo Estado, as duas companhias mostram que suas atividades são "complementares". "A transação irá gerar uma maior diversificação das atividades da CVRD em termos de produtos, mercados e geograficamente, reduzindo seus riscos financeiros", afirmaram as empresas em documentos à Comissão Européia.

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