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Com Azul como sócia, portuguesa TAP renova frota e tenta se reestruturar

Após privatização, que envolveu a Azul e também seu fundador, David Neeleman, TAP incorporou parte da frota da brasileira, comprou 53 aviões e investiu na divisão de voos regionais; governo português, porém, tenta retomar controle da empresa

Por Marina Gazzoni
Atualização:
  Foto: JOSE MANUEL RIBEIRO | REUTERS

A companhia aérea portuguesa TAP, que tem entre seus investidores a brasileira Azul, será a primeira aérea do mundo a receber a nova versão do avião A330-900neo, em 2017. A renovação da frota da TAP é um ponto-chave de um plano de revitalização da empresa, em curso desde a assinatura da venda do negócio, em novembro do ano passado, para o consórcio Gateway, do empresário David Neeleman, fundador da Azul.

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A TAP tem hoje 76 aviões e mais 53 encomendados à Airbus. Antes da privatização, o número de pedidos era zero. “O maior problema era que não tínhamos pedidos colocados, o que é essencial para a perpetuidade de uma empresa aérea. Com os novos sócios, passamos a ter acesso a capital, equipamentos mais modernos e novas ideias”, disse o presidente da TAP, Fernando Pinto, em entrevista ao Estado.

O processo de privatização ainda não está finalizado (ver texto ao lado), mas o presidente da TAP afirma que o plano de investimentos está assegurado.

Os novos Airbus serão usados nos voos internacionais, como a rota Brasil-Europa. “Apresentar um novo avião é uma estratégia de marketing. A empresa mostra uma imagem de inovação”, explica o diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) no Brasil, Carlos Ebner.

O processo de renovação da frota regional da TAP já está em curso e foi acelerado pela compra de 19 aviões da Azul (modelos ATR-72 e Embraer 190), que serão entregues nos próximos meses. A frota da Portugália, empresa de aviação regional da TAP, tinha 14 aviões antigos – Fokker 100 e Embraer 145 –, modelos que consomem mais combustível e serão aposentados. Até julho, a frota regional da TAP terá 17 unidades.

De acordo com Pinto, a TAP tinha planos de renovar sua frota regional há dois anos, mas a falta de capital impedia o movimento. “Os voos regionais são estratégicos para trazer passageiros para os voos de longa distância da companhia.” Ele disse que a compra de aviões da Azul foi “extremamente interessante para a TAP e para a Azul”. “A Azul precisava reduzir sua frota diante da crise no Brasil. E a TAP queria novos aviões rapidamente”, disse. Em média, o prazo entre o pedido e a entrega de um avião novo da Embraer é de cerca de 12 meses.

A TAP aproveitou a mudança da frota para trocar a marca Portugália por TAP Express. Com o novo nome, lançou uma ponte aérea entre Lisboa e Porto, com voos de hora em hora.

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Novas rotas. A rota da Europa para os Estados Unidos é a principal frente de expansão da TAP atualmente. A empresa anunciou em fevereiro que fará voos diretos diários para Boston e Nova York e ampliará a oferta para Miami e Newark. “Os novos acionistas da TAP têm ‘know how’ na aviação americana”, lembrou Pinto.

Antes de fundar a Azul e comprar a TAP, Neeleman criou americana Jet Blue, que firmou recentemente acordos de compartilhamento de voos (codeshare) com Azul e TAP.

O Brasil ainda é o principal mercado da companhia aérea portuguesa, que detém cerca de um terço da rota Brasil- Europa. Com a desvalorização do real, as vendas nessa rota caíram entre 10% e 12%. A queda só não foi maior porque a demanda entre os europeus cresceu, puxada pela variação cambial.

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Assim como outras aéreas estrangeiras, a TAP reagiu à crise no Brasil com cortes na oferta. A empresa deixou de voar para Manaus, cidade que passou a ser atendida por voos da Azul. O passageiro voa pela Azul de Manaus para Belém e faz a rota Belém–Lisboa pela TAP.

Para o consultor em aviação Nelson Riet, a Azul tende a ajustar voos para se integrar à TAP. “Ela ganha demanda se distribuir os passageiros da TAP nos voos nacionais.” Há 20 dias, a Azul fez um investimento na TAP. A operação pode dar à aérea brasileira até 40% do capital da portuguesa. “Vamos recuperar o investimento com as sinergias entre as operações”, disse na ocasião o presidente da Azul, Antonoaldo Neves.