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Com crise e queda de consumo, petróleo cai abaixo de US$ 70

Declínio forte pode prejudicar investimentos no pré-sal brasileiro, grande esperança de economistas para 2009

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Por Redação
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Os preços do petróleo despencaram nesta quinta-feira, 16, caindo abaixo de US$ 70 o barril pela primeira vez em 16 meses e levando a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) a marcar uma reunião de emergência na semana que vem. O rápido declínio nos preços alarmou os executivos e produtores do setor, que estão cada vez mais apreensivos com a possibilidade de a montanha russa nos preços prejudique a estabilidade dos mercados de energia.   Veja também: Consultor responde a dúvidas sobre crise   Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira  Dicionário da crise  O caminho até o pré-sal    Os preços do petróleo caíram fortemente nas últimas semanas, prejudicados pela crise financeira mundial e pela redução do consumo nas nações desenvolvidas. Em Nova York, os contratos futuros de petróleo caíram mais de 8%, atingindo US$ 68,57 por barril nesta quinta, o menor nível desde junho de 2007. A commodity já perdeu metade de seu valor desde que atingiu o recorde de US$ 145,29 em julho.   A queda prejudica a busca pela estabilidade que produtores e executivos de petróleo dizem precisar para investir no longo prazo. A forte perda desta quinta levou os membros da Opep a marcar uma reunião de emergência para o próximo dia 24 para discutir maneiras de conter o declínio. Analistas esperam que o cartel reduza sua produção em cerca de 1 milhão de barris por dia.   O anúncio veio uma semana depois de a Organização, que controla aproximadamente 40% das exportações mundiais de petróleo, afirmar que seus membros se encontrariam apenas em novembro "em meio ao aumento do desconforto com a situação atual". Mas alguns membros, alarmados pela onda de vendas nos mercados, fizeram lobby para uma antecipação do encontro.   A preocupação de produtores e executivos é de que o forte declínio nos preços poderia provocar cortes de investimentos e reduzir os lucros. "Eu acredito que o preço baixo é um dano real para o futuro da produção", afirmou o Ministro de petróleo do Irã, Gholamhossein Nozari.   Pré-sal   No Brasil, a queda do preço do petróleo pode prejudicar os investimentos para a exploração das reservas do pré-sal, descobertas em 2007 pela Petrobras, e que têm potencial para transformar o País em um exportador da commodity. Em entrevista ao estadao.com.br, o presidente do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, Adriano Pires, afirmou que, com o petróleo abaixo de US$ 70 por barril, a aplicação de recursos no pré-sal já fica "menos atrativa".   Segundo ele, a redução da liquidez no mercado financeiro em função da recessão econômica também pode prejudicar. "Essa queda de liquidez pode ajudar a inviabilizar ou a criar grandes barreiras, grandes dificuldades para a extração", afirmou.   Centro de uma polêmica no País sobre a forma de explorar suas reservas, o pré-sal é apontado por alguns especialistas como a esperança de investimentos do Brasil em 2009, quando as exportações e a atividade econômica vão diminuir em função da crise e afetar o crescimento brasileiro.   "Eu acho que a entrada de capitais no Brasil será muito modesta no ano que vem. A nossa grande esperança é que o pré-sal - reservas de petróleo encontradas em águas ultraprofundas pela Petrobras - possa trazer muito dinheiro para o País. É em cima disso que nós estamos imaginando que possa haver um momento mais positivo", afirmou, também em entrevista ao estadao.com.br, o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Celso Grisi.   Projeções   O presidente da Agência Internacional de Energia (AIE), Nobuo Tanaka, afirmou nesta quinta que os produtores de petróleo não estão investindo o suficiente para suprir a demanda futura dos países consumidores e isso - além da provável imposição de algum tipo de tributo sobre as emissões de carbono - deve elevar o preço do petróleo no médio e longo prazos.   Embora a perspectiva de desaceleração da economia esteja puxando os preços do petróleo para baixo no momento, Tanaka disse que é provável que essa seja uma fase temporária. "A era dos baixos preços de energia acabou", afirmou. Essa é a conclusão de um novo estudo da AIE sobre 800 campos de petróleo que será publicado no próximo mês.   "Tendo por base a estrutura atual do lado da oferta, não há investimento suficiente para alcançar o lado da demanda. Então, o preço do petróleo deve subir nos médio e longo prazos", disse Tanaka. Ele considera que essa possibilidade será maior especialmente se os governos decidirem impor um custo sobre o consumo de combustível fóssil para reduzir as emissões de carbono. Isso pode estimular a exigência por conservação de energia, seu uso mais eficiente e maiores investimentos em fontes alternativas, disse ele.   "Mesmo se a demanda por petróleo vier a cair para 60 milhões de barris ao dia, este ainda é um volume grande. Nós definitivamente precisamos de mais investimentos por parte da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e de outros países produtores para satisfazer a demanda", disse Tanaka. "Os atuais problemas no mercado de crédito são uma fonte de preocupações para a AIE porque faz com que os investimentos necessários no setor sequem", continuou.   Tanaka pediu que a Opep não faça cortes em sua produção. "O preço do petróleo entre US$ 70 e US$ 80 o barril ainda é historicamente alto; o mercado continua apertado e isso faz com que fique volátil", disse. "Se a Opep mantiver seus atuais níveis de produção, isso certamente vai ajudar a situação do mercado até o final do ano", disse Tanaka. "É verdade que os níveis de estoques dos países consumidores estão subindo e isso é outro bom fenômeno que estamos observando", afirmou o presidente da AIE.   (com The New York Times, Giuliana Vallone, do estadao.com.br, e Priscila Arone, da Agência Estado)

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