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Com dívida de R$ 500 mi, dona da Universidade Metodista se prepara para recuperação judicial

Grupo que controla instituição de ensino entrou com medida cautelar na Justiça para que efeitos da RJ sejam antecipados; objetivo é entrar com plano de recuperação em 30 dias

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Tradicional no ensino superior e básico, a centenária Educação Metodista está perto de fazer seu pedido de recuperação judicial. Com dívidas de cerca de R$ 500 milhões e enfrentando dificuldades financeiras desde 2015, o grupo viu a pandemia deteriorar sua situação. Para conseguir preparar seu plano de recuperação, o grupo, dono da Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo (SP), protocolou nesta sexta-feira, 9, uma medida cautelar na Justiça.

Universidade Metodista de São Paulo,entra com processo de recuperação judicial após crise econômica agravada pela pandemia. Foto: Divulgação

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Esse movimento tenta garantir que os efeitos da recuperação judicial sejam antecipados – algo que a empresa vê como fundamental para ter fôlego para atravessar esse período. O pedido de recuperação já está sendo elaborado e deverá ser protocolado em até 30 dias.

O grupo Educação Metodista abriu sua primeira escola em 1881, no Rio Grande do Sul. Hoje tem 11 colégios e seis instituições de ensino superior, no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. A instituição emprega cerca de 3 mil funcionários, sendo 1,2 mil docentes.O grupo atende atualmente 19 mil alunos da educação básica ao ensino superior.

As dificuldades financeiras tiveram origem nas mudanças nas regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) em 2015, disse o diretor de operações estratégicas da Educação Metodista, Aser Gonçalves Junior, ao Estadão.

Na época, o grupo tinha uma base de 51 mil alunos – volume que encolheu 60% até aqui. “A mudança do Fies afetou todo o mercado educacional. Houve também a recessão e a entrada de novos players que realizaram uma consolidação do mercado, acirrando ainda mais a competição”, comenta o executivo. 

A educação universitária no Brasil havia dito um forte impulso com a chegada Fies, que aumentou o número de alunos no ensino superior em todo o País. Em 2015, contudo, as regras foram alteradas, com a alegação de que o programa se tornaria mais sustentável ao longo do tempo. Dentre as mudanças estavam juros maiores, prazo menor para se quitar a dívida e o fim do financiamento de 100% do curso.

Gonçalves Junior explica que a situação financeira se agravou ainda mais com a chegada da pandemia, que levou a mais perda de alunos e, consequentemente, de receitas. “Ficamos em uma situação inviável de nos recuperarmos sem ter um artifício legal. A recuperação judicial será a melhor ferramenta para ter um processo mais organizado, proteger os credores, resolver as pendências que temos e ficamos protegidos para conseguirmos restabelecer nosso fluxo de caixa”, diz o executivo.

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Pandemia e cortes de custos

No começo do ano, a companhia contratou o escritório Galdino & Coelho Advogados, que está elaborando o pedido de recuperação judicial, e a consultoria Alvarez & Marsal, que está conduzindo a reestruturação do grupo.

O executivo conta que, devido à grande perda de alunos, foi necessário um enxugamento no quadro de funcionários. Ao todo foram 1,3 mil funcionários desligados. Agora, segundo ele, esse processo chegou ao fim. 

O processo de reequilíbrio financeiro passará também por uma reorganização dos cursos de graduação, com atenção para a rentabilidade. Após um mapeamento, alguns cursos já saíram da grade, ao passo que outros, mais rentáveis, tal como o de direito, odontologia e administração, reforçados. 

Para ganhar fôlego, o grupo Metodista também venderá ativos não operacionais, essencialmente imóveis. “Temos ativos suficientes para nos dar um fôlego. São terrenos, imóveis, ativos que deixaram de ser operacionais”, afirma o diretor de operações estratégicas da Educação Metodista.

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