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Com escalada de tensões EUA-China, mercados internacionais fecham com queda generalizada

Mau humor se instalou após o governo chinês ordenar nesta sexta o fechamento do consulado dos EUA em Chengdu, no sudoeste do país asiático, em até 72 horas, num gesto de retaliação a Washington

Por Sergio Caldas
Atualização:

As Bolsas da Ásia, Pacífico, Europa e Nova York fecharam em baixa generalizada nesta sexta-feira, 24, reagindo a uma nova escalada nas tensões entre Estados Unidos e China. Nem mesmo dados econômicos animadores vindos da zona do euro ajudaram a melhorar o ânimo do mercado, que acompanha tenso a troca de retaliações entre as duas maiores potências do mundo.

Trump e Xi durante encontro bilateral, na cúpula do G-20, em Osaka, Japão Foto: Kevin Lamarque/Reuters - 2019

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O mau humor se instalou após o governo chinês ordenar nesta sexta o fechamento do consulado dos EUA em Chengdu, no sudoeste do país asiático, em até 72 horas, num gesto de retaliação à decisão de Washington, na última quarta-feiral, 22, de determinar que o consulado chinês em Houston, no estado americano do Texasencerre suas operações, também num prazo de 72 horas. Os EUA alegam que o consulado em Houston era utilizado para espionar cidadãos americanos. Já Pequim acusa o corpo diplomático americano em Chengdu de interferir em questões internas da China.

No fim da tarde de quinta-feira, 23, o governo dos EUA já havia elevado o tom em relação à China. O presidente americano, Donald Trump, minimizou a importância do pacto comercial selado entre os dois países no dia 15 de janeiro deste ano. "O acordo comercial com a China significa muito menos para mim hoje do que quando o assinei", disse Trump, em coletiva. Trump também voltou a responsabilizar a China pela pandemia de coronavírus. "O mundo inteiro foi infectado porque a China não parou o coronavírus", afirmou.

Já o Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que a China está cada vez mais autoritária e agressiva e que Trump havia decidido dar "um basta". Pompeo também pediu mudanças nas práticas do Partido Comunista da Chinês e acusou o presidente do país, Xi Jinping, de acreditar em uma "ideologia totalitária falida".

Bolsas da Ásia e do Pacífico 

O índice acionário Xangai Composto encerrou os negócios com queda de 3,86%, a 3.196,77 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto sofreu tombo de 5%, a 2.138,36 pontos. Em outras partes da Ásia, o índice Hang Seng caiu 2,21% em Hong Kong, a 24.705,33 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi recuou 0,71% em Seul, a 2.200,44 pontos, e o Taiex registrou baixa de 0,88% em Taiwan, a 12.304,04 pontos.

No Japão, a Bolsa de Tóquio não operou pelo segundo dia seguido devido a feriados. Na Oceania, a bolsa australiana ficou igualmente no vermelho, influenciada também pela disseminação da covid-19 no Estado de Victoria. O S&P/ASX 200 caiu 1,16% em Sydney, a 6.024,00 pontos.

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Bolsas da Europa 

Nem mesmo os dados positivos vindos da europa melhoraram o humor dos investidores. As vendas do varejo do Reino Unido saltaram 13,9% de maio para junho, enquanto o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do país subiu de 47,7 em junho para 57,1 em julho. No mesmo período, também subiram os PMIs da zona do euro, de 48,5 para 54,8 e o da Alemanhade 47 para 55,5.

Mesmo assim, o Stoxx 600 fechou com baixa de 1,70% na EuropaJá em Londres, a Bolsa caiu 1,41%, enquanto em Frankfurt, a queda foi de 2,02%. Já Paris teve recuo de 1,54%. MilãoMadri Lisboa cederam 1,85%, 1,22% e 1,02% cada.

Bolsas de Nova York

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Como não podia ser diferente, as Bolsas de Nova York também cederam. O Dow Jones recuou 0,68%, o S&P 500 cedeu 0,62% e o Nasdaq caiu 0,94%. Na comparação semanal, os índices acionários registraram quedas de 0,76%, 0,28% e 1,33%, respectivamente. Por lá, as empresas de tecnologia voltaram a amargar perdas, após o Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos EUA confirmar que um painel antitruste vai ouvir os depoimentos de executivos de gigantes do setor.

Ainda por lá, as autoridades americanas negociam um novo pacote fiscal, mas há divergências e a apresentação do projeto foi adiada para a semana que vem. Enquanto isso, os EUA atingiram hoje a marca de 4 milhões de infectados pela covid-19.

Petróleo

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O mercado de petróleo se descolou da tendência mundial de queda no final do pregão, para fechar com leve alta nesta sexta. Apesar do aumento das tensões entre as duas maiores potências do mundo preocupar os investidores, eles optaram por levar em consideração os dados positivos da economia europeia e apostar em uma retomada rápida da demanda.

Com isso, o WTI para setembro, referência no mercado americano, fechou em alta de 0,54%, a US$ 41,29 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). Já o Brent para o mesmo mês, referência no mercado europeu, subiu 0,07%, a US$ 43,34 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE)./COLABOROU MAIARA SANTIAGO E IANDER PORCELLA