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'Com mais investimento, não é preciso aperto fiscal'

Apesar de insistir que meta de 2012 não será alterada, secretário indica que tamanho do primário está em análise

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Célia Froufe
Por Adriana Fernandes , Célia Froufe (Broadcast) e BRASÍLIA
Atualização:

O novo modelo de concessões de infraestrutura que o governo anunciará em agosto está sendo desenhado para priorizar e acelerar os investimentos em 2013, afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. O governo quer concretizar o "choque de investimentos" e, para isso, vai abrir mão, nas novas concessões, dos recursos para engordar a meta fiscal. A ideia é permitir que as empresas possam ficar com o dinheiro para investir.

Em entrevista à Agência Estado, Augustin nega mudanças na meta fiscal deste ano, mas sinaliza uma postura diferente por parte do governo em relação ao tamanho do aperto fiscal. "Estamos evoluindo muito com a ideia de que, se nós tivermos de fazer os investimentos andarem, não precisa fazer aquele fiscal também. Fazer investimento já é de grande valia", afirmou.

As desonerações são um problema para o cumprimento da meta fiscal?

Em 2011, fizemos uma consolidação fiscal importante. Estamos mantendo isso e está indo bem. Nossa política de desoneração é uma política estrutural importante para o País. Será implementada na medida da possibilidade.

É possível reduzir mais tributos este ano?

O processo continuará. Como e quando, vamos anunciar se for o caso.

A meta fiscal impedirá a ampliação das desonerações?

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Já fizemos muitas desonerações em diferentes momentos e valores e vamos continuar. É uma política para melhorar a competitividade.

Há espaço fiscal para isso?

Se achássemos que não era possível, não teríamos feito essa última leva.

Os empresários esperam mais. É normal. Estamos sempre estudando novas medidas para melhorar a economia. Não há um momento em que se diga: concluiu o processo.

Qual é o cenário para 2013?

Aumentar os investimentos é uma prioridade. Temos de fazer mais infraestrutura pública e queremos mais investimentos privados. A restrição principal para os investimentos não tem sido a área fiscal. Tem sido a viabilidade, incluindo questões de regulação e de meio ambiente. Estamos convencidos de que a coisa está engrenando. No ano que vem, será mais forte do que este ano.

Muitos defendem no governo que chegou o momento de ser mais expansionista nos gastos.

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A crise externa tem colocado desafios. O Brasil acertou o diagnóstico desde o início: essa crise é bem relevante e forte e a política monetária inverteu, mas todo mundo criticava. Eu queria chamar atenção de que não há contradição entre mais investimento e a questão fiscal. São diferentes instrumentos que se vai adequando dentro do objetivo de crescer e manter a solidez fiscal. Não somos dogmáticos, temos a função de construir a equação. Estamos absolutamente convictos de que é importante manter o mercado interno. Fizemos coisas novas, como o anúncio de bilhões de compras do governo.

A meta do superávit primário de 3,1% do PIB muda?

Não. Agora, estamos com uma política de investimentos que vai evoluir.

A proposta de orçamento da União em 2013 vai surpreender?

Estamos trabalhando com uma melhoria a partir de parâmetros que colocamos já há algum tempo. Entre os fundamentais, estão o investimento e a melhora da produtividade.

O dinheiro das concessões pode ajudar no aumento das receitas?

Não estamos mais usando o dinheiro das concessões para fazer o superávit, mas para aumentar investimentos. No caso dos aeroportos, por exemplo, tudo ficará no setor. Tecnicamente entra como receita, mas sai como investimento. No passado, as concessões arrecadavam para o superávit. Estamos trabalhando as concessões sem a parte de elas ajudarem o fiscal.

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Então a política fiscal já está mudando?

Estamos fazendo isso desde a crise de 2008, estamos trabalhando para ser anticíclico. Tem de induzir o setor privado a investir e estamos trabalhando na melhora da infraestrutura. Qual é a contribuição que o setor público tem de dar? Dar regras seguras. Estamos evoluindo muito com a ideia de que se, nós tivermos de fazer os investimentos andarem, não precisa fazer aquele fiscal também. Fazer investimento já é de grande valia.

O setor privado vai querer investir nas concessões?

Temos visto interesse e grande concorrência. Até porque, se o modelo é bom, o pessoal vai atrás de rentabilidade. O Brasil tem cada vez mais taxas de juros adequadas. Isso significa que quem quer rentabilidade só tem um caminho: investir. O ganho financeiro stricto senso vai ser cada vez ser menor.

Mas na licitação dos aeroportos a presidente Dilma ficou insatisfeita com os concorrentes.

Perfeito. Sempre há qualificações a fazer, nenhum problema. Mas o importante é: à medida que o juro fique mais adequado do ponto de vista estratégico - e vai ficando cada vez mais - a rentabilidade maior será para quem investir. Isso é um fato. Se não tem o setor financeiro com o nível de atratividade que tinha e você tem um bom marco regulatório, por que não haveria interesse?

O governo finaliza o relatório bimestral de receitas e despesas do Orçamento. A queda na arrecadação não preocupa?

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Quando lançamos o primeiro relatório bimestral com arrecadação de R$ 700 bilhões, muita gente disse que estávamos subestimando receitas. Não estávamos. No segundo, já caímos para R$ 690 bilhões e agora vai cair mais um pouco.

As receitas de dividendos compensarão a queda na projeção de arrecadação?

Haverá um ajuste de dividendos nesse relatório. Vai se aproximar do valor de 2009, que foi de R$ 26 bilhões.

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