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Com mercados tensos, Copom se reúne para definir juros

A terça-feira foi marcada pelo mau humor dos mercados, com o BC vendendo dólar para impediar a alta da moeda americana

Por Agencia Estado
Atualização:

O Copom Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne hoje para definir o novo nível da taxa Selic (atualmente em 15,75% ao ano) sob efeitos da turbulência que tomou conta do mercado financeiro nesta terça-feira. Para analistas, a turbulência do mercado pode mudar os planos do BC em relação ao futuro dos juros. A maioria aposta numa queda de 0,5 ponto porcentual, abaixo do corte de 0,75 ponto do mês passado. Mas há economista cogitando a possibilidade de corte de apenas 0,25 ponto. Além da expectativa sobre o comportamento diante do quadro instável dos últimos dias, o mercado está preocupado com as sinalizações que a divulgação, hoje, da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) trará. Mau humor Por causa do mau humor dos mercados nesta terça-feira, o Banco Central (BC) foi obrigado a vender dólar para conter a alta da moeda americana. A operação, chamada de swap cambial, não vinha sendo feita desde agosto de 2004, No leilão, o BC vendeu o lote integral de 8 mil contratos com vencimento em 3/7/2006, correspondentes a US$ 399 milhões. Mas a atuação do BC, com a oferta de 8 mil contratos de swap cambial, não foi suficiente para anular a onda negativa que se abateu sobre o mercado. O dólar fechou em alta de 1,54%, cotado em R$ 2,31. Na máxima do dia, atingiu R$ 2,37, com alta de 4%. Só neste mês, a moeda teve valorização de 10,69%. Até março, o BC vinha fazendo operações contrárias à que foi feita nesta terça-feira para conter a queda do dólar. No mercado de ações, o efeito da volatilidade foi devastador. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve a maior queda desde 10 de maio de 2004. Caiu 4,54%, para 36.412 pontos, distante do recorde de 41.979 pontos alcançado no início de mês. Até o dia 25, o saldo de movimentação dos investidores estrangeiros estava negativo em R$ 1,6 bilhão. Porém, o movimento de queda das bolsas foi mundial. Em Wall Street, o Dow Jones caiu 1,63% e a Nasdaq, 2,06%. A Bolsa da Argentina recuou 3,53% e a do México, 3,4%. Na Europa, as bolsas tiveram recuo médio de 2,5%. No mercado de dívida, os títulos brasileiros recuaram forte. O BR-40 caiu 1,29% e o A-Bond, 1,32%. Com isso, o risco país avançou 4,09%, para 280 pontos. Em cenários incertos, os investidores se desfazem de papéis de países emergentes, considerados de risco elevado, para se protegerem com papéis de países desenvolvidos. ?O Brasil, como foi o grande queridinho dos investidores por causa dos bons fundamentos econômicos, acaba sofrendo mais nestes momentos, apesar de os números continuarem positivos?, afirma o economista da Gap Asset Management, Alexandre Maia. Copom Alguns analistas observam que a volta das operações de swap cambial pode indicar uma preocupação com o nível do dólar e, portanto, impedir o corte do juro na reunião de hoje. Tantas especulações fizeram os juros futuros avançarem na BM&F. Os contratos de DI, com vencimento em janeiro de 2008, fecharam o pregão de ontem com taxa de 16,18%, ante 15,57% de ontem; e o DI de janeiro de 2007, 15,36% ante 15,25%. A explicação para a volatilidade continua sendo o temor de continuidade do aperto monetário dos Estados Unidos. Novas altas dos juros americanos, para conter a inflação de curto prazo, poderiam causar uma desaceleração da economia americana e, conseqüentemente, mundial, afirma o diretor da corretora Ágora Senior, Álvaro Bandeira.

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