BRASÍLIA - Diante dos riscos decorrentes do choque nos preços do petróleo, a equipe econômica monitora os possíveis impactos mais imediatos para as contas do governo e para a atividade econômica.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, um primeiro reflexo disso pode aparecer já no relatório de avaliação de receitas e despesas do primeiro bimestre, que será entregue até 22 de março.
O anúncio oficial da nova grade de parâmetros da Secretaria de Política Econômica (SPE) está programado para a próxima quarta-feira, 11. A grade traz as previsões para o crescimento da economia e preços de referência do barril de petróleo considerados nas projeções de receitas da União. Se o impacto imediato for grande, pode levar a um bloqueio maior de recursos no Orçamento, de acordo com uma fonte da equipe econômica.
Apesar do risco para as contas do governo e para a atividade, o choque também pode ter como “consequência benéfica” tornar mais clara a necessidade de o Brasil “fazer o dever de casa”.
A situação de turbulência é vista como uma oportunidade para o País melhorar as condições se sustentabilidade e solvência por meio da aprovação das reformas, num momento em que as relações entre o Executivo e o Congresso Nacional vinham se acirrando às vésperas de manifestações pró-governo endossadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
No domingo, 8, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), publicou em sua conta no Twitter que o cenário internacional “exige seriedade e diálogo das lideranças do País”. Ele defendeu a adoção de medidas emergenciais e afirmou que a crise pode se tornar uma oportunidade “se agora os poderes da República agirem em harmonia e com espírito democrático”.
Segundo apurou a reportagem, alguns interlocutores do governo têm buscado Maia para que a pauta de reformas seja priorizada.
Nesta segunda, Guedes disse que essa é a melhor resposta para a crise. O ministro citou as reformas administrativa (que mexe com as carreiras dos servidores públicos) tributária (para simplificar os impostos), cujas propostas do governo ainda não foram enviadas ao Congresso Nacional, e as propostas do pacto federativo (que faz uma redistribuição de recursos entre União, Estados e municípios) e da emergência fiscal (prevê, entre outras coisas, o corte de salário e jornada de servidores para reduzir os gastos obrigatórios), enviadas ao Congresso no fim do ano passado pela equipe econômica.