Combinam-se, nesse sentido, efeitos da forte desvalorização cambial dos últimos meses, novas correções em preços administrados, em especial o caso dos combustíveis e também da energia elétrica, e possíveis elevações de tributos - são boas, principalmente se a aprovação da CPMF não se concretizar, as chances de uma retomada da cobrança de uma Cide sobre o preço da gasolina.
Projeções de mercado, atualizadas ontem, depois da divulgação do resultado do IPCA de setembro, convergem para uma escalada dos índices mensais e em 12 meses até o fim do ano. As perspectivas para outubro são de uma variação do IPCA entre 0,7% e 0,8% sobre setembro, chegando a 9,8% em 12 meses.
Consideradas as mesmas projeções, a variação mensal do IPCA superaria 1% em dezembro e, no acumulado de 2015, passaria de 10%. A esperança de que a inflação alcance o centro da meta em fins de 2016, como ainda insiste o Banco Central, é cada vez menor, e o temor agora é de ver o teto da meta ser superado pelo segundo ano consecutivo.
Isso dependerá da luta dos impactos inflacionários dos ajustes na taxa de câmbio e dos preços administrados contra a contenção da demanda, pela via da recessão. Disso, aliás, o vilão da inflação de setembro - o botijão de gás - deu um bom exemplo. Dependendo da cidade, a alta de 15% nas refinarias resultou em variações de 10% a 20%, no varejo, ficando na média em 13%.