Corredor norte.
O presidente da Hidrovias do Brasil, Bruno Serapião, afirma que 80% do dinheiro captado será investido no corredor dos rios Tapajós-Amazonas, entre a cidade de Miritituba e o Porto de Vila do Conde, no Pará. A chamada saída pelo Norte virou o grande negócio das empresas de logística com o estrangulamento dos portos do Sul e Sudeste do País. Com os maiores produtores de grãos instalados no norte de Mato Grosso, a saída natural virou os portos do Norte.
A Hidrovias do Brasil está investindo R$ 1,4 bilhão no empreendimento, que deverá iniciar a operação no primeiro semestre do ano que vem e terá capacidade de 5 milhões de toneladas de grãos por ano.
O projeto inclui a construção e operação de um terminal de transbordo rodo-fluvial em Miritituba, navegação por cerca de 1,2 mil quilômetros pelos rios Tapajós e Amazonas e construção e operação de um terminal portuário em Vila do Conde. "Nessa primeira fase toda capacidade já está contratada", afirma Serapião. Segundo ele, o dinheiro captado agora será aplicado na segunda fase do projeto, previsto para ficar pronto entre 2018 e 2019. "A previsão é ampliar a capacidade atual entre 30% e 50%", afirma o executivo.
Além da infraestrutura dos terminais, o projeto requer a compra de frotas de barcaças e empurradores (máquinas que movimentam as barcaças pelos rios). Na primeira fase, serão entre 100 e 150 barcaças e entre 5 e 7 empurradores, todos comprados no mercado interno.
A primeira empresa a operar o corredor norte, pelos rios Tapajós e Amazonas, foi a Bunge, que estreou no ano passado a nova rota de exportação. Outras companhias como Cargill, Cianport e Odebrecht, entre outros, também desenvolvem projetos na região.
Operação no exterior.
O dinheiro da captação anunciada ontem também deverá ser investido na expansão do corredor Sul da companhia. O projeto, em operação desde fevereiro de 2014, consiste no transporte fluvial de grãos entre Assunção, no Paraguai, e os portos da Argentina ou Uruguai, num percurso de cerca de 1.500 quilômetros.
Atualmente, a frota é composta por 3 empurradores e 36 barcaças Mississippi, adquiridas nos Estados Unidos. A capacidade atual da companhia nessa rota é de 700 mil toneladas de grãos por ano, mas a expectativa é ampliar esse número para 1,5 milhão de toneladas, com a aquisição de mais barcaças e empurradores.
"O aporte realizado na Hidrovias do Brasil nos permitirá crescer rapidamente durante os próximos anos", afirma Felipe Pinto. Ele lembra que a empresa com foco no transporte hidroviário foi criada em 2010, com US$ 120 milhões da P2 Brasil. Em seguida, entraram Temasek e Aimco, que juntos aportaram US$ 100 milhões. Entre 2013 e 2014, houve um aumento de capital para US$ 366 milhões e agora mais US$ 300 milhões.