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Com o ibi, Bradesco se torna líder em cartões de crédito

Negócio de R$ 1,4 bilhão dá ao banco uma participação de 22% nesse segmento no País

Por Marianna Aragão e Paula Pacheco
Atualização:

O Bradesco passou a liderar o mercado de cartões de crédito no Brasil após fechar acordo ontem com o Banco ibi, braço financeiro da holding que controla a rede de varejo C&A. Primeira grande aquisição na gestão do presidente Luiz Carlos Trabuco, o negócio custou ao Bradesco cerca de R$ 1,4 bilhão, valor que será pago por meio de ações. A transação inclui ainda uma parceria de 20 anos para comercialização exclusiva de produtos e serviços financeiros do ibi nas lojas da rede C&A. Com o ibi, o Bradesco passa a deter 22% de participação no mercado de cartões de crédito com bandeira no Brasil - o banco emite cartões com as bandeiras Visa, Mastercard e American Express. No segmento de cartões de lojas (private label), a base de cartões do banco salta de 13,3 milhões para 34,1 milhões, uma das maiores da América Latina, segundo o diretor-geral do Bradesco Cartões, Marcelo Noronha. "A operação é um passo importante para aumentar nossos canais de venda e chegar a clientes de rendas e regiões variadas." O consumidor de baixa renda é o grande interesse do Bradesco no negócio. O Unibanco, que com o Itaú detinha a liderança em cartões, já tinha uma porta de entrada com esse público por meio da bandeira Hipercard, usada em supermercados e lojas de varejo. Já o Itaú tem uma parceria com a Americanas. Com o ibi - que tem boa parte de sua base de clientes nessa faixa de renda -, o Bradesco entra de vez nessa disputa. A compra do ibi marca ainda uma maior exposição do Bradesco no segmento de varejo. Segundo a analista da Link Investimentos, Mariana Taddeo, dados consolidados em 31 de dezembro de 2008 mostravam que o Bradesco tinha 35,3 milhões de cartões e o ibi detinha 30,6 milhões. Já Itaú e Unibanco contavam com uma carteira de 49,5 milhões. Desde 2004, o Bradesco vem investindo fortemente no segmento de cartões. Em 2006, comprou a operação da American Express no País. A empresa também firmou, nos últimos cinco anos, 13 acordos com redes de varejo, no segmento private label, e outros 7 na área de crédito pessoal. Em 2008, o crescimento do setor de cartões de crédito foi de 20%. "Este ano, com uma possível pequena desaceleração no consumo, a previsão é de expansão de 15% a 16%. A parceria com o ibi vai nos permitir acompanhar esse crescimento", disse Noronha. A Cofra, holding que controla a C&A e o ibi no Brasil, informou que a venda faz parte da estratégia de se desfazer de todas as suas operações bancárias no mundo. "O bem-sucedido modelo de negócios no Brasil continuará melhor com empresas cujo ?core business? é o de serviços financeiros", disse a companhia, em nota. INADIMPLÊNCIA No fim de março, a agência de classificação de risco Standard & Poor?s rebaixou a nota de crédito (rating) do ibi. De acordo com o relatório da agência, a rentabilidade da empresa vinha piorando nos últimos trimestres. "(A piora) seguiu-se à agressiva campanha de crescimento que o ibi iniciou em junho de 2007, quando decidiu flexibilizar seus padrões de concessão de crédito. Isso resultou em altos índices de inadimplência em sua carteira de crédito e em necessidades de provisionamento mais altas", diz o documento. Para Marcelo Noronha, porém, a inadimplência não é uma preocupação agora para o Bradesco. "Nossa carteira está em um patamar controlado de inadimplência e não há necessidade de provisionamento adicional."

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