PUBLICIDADE

Publicidade

Com o US$ 1 bilhão de hoje, BC já vendeu US$ 23,4 bi para segurar o dólar na pandemia

Desde que o coronavírus se agravou, entre fevereiro e março, o Banco Central tem vendido dólares para conter o avanço da moeda no País; nesta quarta, a divisa disparou e chegou perto de R$ 5,80

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - A forte pressão de alta do dólar ante o real na manhã desta quarta-feira, 28, fez o Banco Central entrar no mercado para segurar a moeda americana. O BC convocou leilão de venda de dólares das reservas internacionais e negociou com o mercado financeiro um total de US$ 1,042 bilhão. Com a operação, a moeda americana, que se aproximou dos R$ 5,80 antes das 10 horas, era negociada a R$ 5,7384 durante a tarde. 

A atuação do BC foi uma resposta à alta firme do dólar ante o real, mas também em relação a outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities (produtos básicos). Desde cedo, os mercados globais mostravam pessimismo em relação ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. A segunda onda da covid-19 na Europa, que atinge países como a França, e os dados de contaminação nos EUA são fatores que ameaçam a retomada econômica global.

Desde o final de fevereiro, o BC tem vendido dólares para tentar conter o avanço do preço da moeda no País. Foto: Estadão

PUBLICIDADE

Além disso, a proximidade da eleição presidencial nos EUA traz cautela para os negócios. Na dúvida, investidores buscam a segurança do dólar.

No Brasil, a maior dúvida ainda é se o governo de Jair Bolsonaro conseguirá controlar o rombo fiscal nos próximos anos. O receio é de que, no limite, o País não consiga equilibrar suas contas e se torne insolvente nos próximos anos. Esta preocupação acabou por fazer o dólar subir com mais intensidade ante o real, na comparação com o visto em relação a outras divisas.

Ao entrar no mercado, o BC reduziu a pressão no câmbio. Após o leilão, no melhor momento do dia, a moeda americana oscilou perto dos R$ 5,70. Mas a atuação foi insuficiente para mudar a tendência mais geral, de alta para o dólar.

Efeito coronavírus

Desde que a pandemia se intensificou, entre o fim de fevereiro e o início de março, o BC vem promovendo operações de venda de dólares ao mercado financeiro para conter o avanço do dólar. A intenção não é necessariamente fazer a moeda americana cair, mas sim evitar que ela dispare rapidamente, o que poderia desestruturar os negócios. O efeito é paliativo.

Publicidade

De março até hoje, o BC já vendeu um total de US$ 23,451 bilhões das reservas internacionais. Apenas em março – no auge das preocupações com a pandemia – a instituição negociou com o mercado US$ 10,674 bilhões.

Mas a venda de dólar à vista não é a única ferramenta do BC para segurar o câmbio. Nos últimos meses, a autarquia também promoveu operações de linha – venda de dólares com compromisso de recompra no futuro – e leilões de swap.

O swap é um tipo de contrato cambial que, ao ser negociado no mercado, tem um efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro da moeda americana. Na prática, é uma forma de o BC vender dólares, mas sem ter que mexer nas reservas internacionais – o seguro do País contra crises.

Na manhã de hoje, o BC negociou US$ 600,0 milhões por meio de swaps cambiais, mas a operação não chegou a ser uma novidade. Prevista desde ontem, o leilão de swaps serviu para o BC renovar contratos, de posse do mercado financeiro, que estão para vencer no início de dezembro. Com isso, a autarquia evita uma pressão adicional de alta do dólar ante o real.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.