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Com Temer, mercado volta a cobrar reformas

Um dia depois da turbulência histórica, bancos e investidores já falam em futuro com o atual governo

Foto do author Thaís Barcellos
Por Renato Jakitas , Vinicius Neder e Thaís Barcellos (Broadcast)
Atualização:

O dia seguinte da nova crise política que chacoalhou o Brasil tem sido mais calmo para o mercado financeiro. Com o índice Bovespa operando em leve alta e o dólar em queda na tarde desta sexta-feira, 19, alguns bancos já falam abertamente sobre o futuro com o atual governo, sinalizando que o áudio entre da conversa gravada entre o presidente da República e Joesley Batista, dono da JBS, foi encarado como inconclusivo.

Para o economista-chefe do banco UBS Brasil, Tony Volpon, o melhor que poderia acontecer para o País, neste momento, seria "uma rápida e definitiva refutação das acusações" envolvendo Michel Temer.

Michel Temer, ontem, em Brasília Foto: Evaristo Sá/AFP

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"Na visão do banco, a questão importante será quando, e não como, o estado atual de incerteza política aguda será resolvido", explicou Volpon, em nota endereçada aos operadores do mercado.

Ainda segundo Volpon, o banco UBS vê como "menos amigável" o cenário de renúncia do presidente, mas com a manutenção da equipe econômica, o que daria uma forte mensagem de que o governo continuará trabalhando para aprovar as reformas econômicas, tanto a trabalhista quanto a previdenciária. 

O pior dos quadros, contudo, seria para o UBS o prolongamento das incertezas, arrastando-se por um novo processo de impeachment, "com potencial crescimento das tensões sociais e retorno de um cenário econômico semelhante ao que o Brasil enfrentou na segunda metade de 2015."

O futuro das reformas também ocupa as preocupações do economista-chefe do banco BTG Pactual, Eduardo Loyo. 

Em uma palestra no segundo dia do XXIX Fórum Nacional, no Rio de Janeiro, Loyo disse que o choque político é "significativo", mas tem "vetores mutuamente contraditórios". Por um lado, afirmou, a depreciação do câmbio tende a elevar a inflação. De outro, o adiamento das reformas diante da crise política pode arrefecer a recuperação da atividade econômica e minar a confiança.

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Citando a coluna do jornalista Fernando Dantas publicada no Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Estado, Loyo disse que os mercados de ações, juros futuros e câmbio deram na quinta-feira uma demonstração do que seria o Brasil sem reformas, cenário que parece colocado pelo choque político. "Não é nem que a gente precisasse (de demonstração)", disse Loyo, lembrando que os mercados refletiam isso há pouco mais de um ano.

O economista ressaltou que o prêmio de risco dos CDS do Brasil saltou, após atingir as mínimas em muito tempo no meio da semana. Com isso, o real perdeu valor, mas "o que a gente viu acontecer com o cambio foi ainda maior do que a gente viu de abertura de prêmio de risco". "Teria sido natural ir de R$ 3,10 para R$ 3,30, quando na verdade vimos (o câmbio) chegar perto de 3,40", afirmou Loyo.

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