O mercado brasileiro teve um dia de ganhos nesta segunda-feira, 18, impulsionado pela possível descoberta de uma vacina contra o novo coronavírus. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerrou com ganho de 4,69% aos 81.194,29 pontos, no maior ganho porcentual desde 6 de abril. Já o dólar recuou 2,03% e fechou cotado a R$ 5,7206, menor valor desde o dia 29 de abril.
Na máxima para esta segunda, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, subia aos 81.420,37 pontos - porém, pouco após a abertura, a B3 já operava em tom positivo, com ganho de 1,42% aos 78.654,53 pontos. O movimento de alta se acelerou no decorrer da sessão e no final da manhã a B3 já subia aos 80 mil pontos. Com os resultados do dia, a Bolsa tem leve ganho de 0,86% em maio e perda de 29,79% no ano,
Deu novo fôlego aos mercados, o possível desenvolvimento de uma vacina, capaz de gerar uma resposta imunológica contra o coronavírus. A descoberta foi da empresa de biotecnologia e farmacêutica Moderna, na Califórnia. Os testes, já conduzidos em 45 pessoas, trouxeram resultados 'seguros e eficazes'. Os ânimos ficaram ainda mais exaltados após Donald Trump dizer que "grandes anúncios estão por vir".
Entre as empresas que mais ganharam no pregão, estão Vale, com alta de 6,68%, Gerdau PN, que avançou 8,24 e Petrobrás ON, com lucro de 9,72%. O resultado chega em bom momento, já que a estatal, junto das empresas Suzano, Azul e JBS, registraram no primeiro trimestre alguns dos maiores prejuízos da história.
Câmbio
Ainda que com ímpeto menor do que o observado na Bolsa, o real também teve um dia de valorização e alívio. O dólar, que abriu os negócios cotado a R$ 5,7806, uma alta de 1%, chegou a subir para a máxima de R$ 5,8001, antes de cair abaixo dos R$ 5,70. Com isso, considerando outras 34 moedas emergentes, foi o real teve o melhor desempenho frente ao dólar nesta segunda.
Somente neste ano, a valorização da moeda americana já é superior a 47%, sendo que o recorde nominal, quando não se desconta a inflação, é de R$ 5,9718. Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é vendido perto de R$ 6. Já o dólar junho fechou a 5,7260, uma alta de 2,30%.
Contexto local
Nesta segunda, economistas ouvidos pelo Banco Central diminuíram mais uma vez a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2020, agora com queda de 5,12%. Já a previsão para a Selic, taxa básica de juros da economia, caiu para 2,25% no fim do ano.
Ainda segue no radar a pauta econômica do governo, que mesmo em meio ao aumento dos gastos causados pela pandemia do coronavírus, parece não ter pressa em sancionar a lei que congela os salários dos servidores. Nesse meio tempo, alguns estados do País, como é o caso do Maranhão, têm aproveitado para conceder reajustes elevados aos funcionários públicos.
E esses gastos podem crescer ainda mais. Um decreto bilionário, que deve ser divulgado ainda na noite desta segunda ou nos próximos dias, vai ajudar o setor elétrico a contornar os problemas com a crise. O valor, porém, ainda é desconhecido - no começo do projeto, os valores variavam de R$ 15 bilhões e R$ 17 bilhões, agora, as discussões já apontam para algo entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões.
Contexto internacional
Na Europa, também animou os investidores o anúncio da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da França, Emmanuel Macron, de um fundo conjunto de 500 bilhões de euros para combater os impactos da covid-19. Com isso, o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 4,07%.
Na Ásia, ditou o tom positivo do mercado, o comentário do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, de que a crise provocada pela pandemia do coronavírus poderá fazer a economia dos Estados Unidos encolher "facilmente" entre 20% e 30% neste trimestre.
Porém, o líder da autoridade monetária disse que prevê uma recuperação dos EUA para o segundo semestre, caso não ocorra uma segunda onda de infecções. Nesse sentido, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, falou em "boom" no crescimento em 2021.
Ainda nos Estados Unidos, a expectativa fica em torno do novo pacote de ações contra o vírus aprovado pela Câmara dos Deputados, superior a US$ 3 trilhões. No entanto, como a medida foi apoiada basicamente por deputados democratas, e os senadores republicanos são a maioria, é muito provável que ela não passe na votação do Senado.
Petróleo
Nem mesmo a constante tensão entre China e Estados Unidos conseguiu derrubar o ânimo dos investidores, impulsionados pela possível vacina contra o vírus. Mas, além da boa notícia, deu ainda novo fôlego ao petróleo o aumento na demanda chinesa pela commodity, em um dos primeiros sinais da reabertura da economia do país asiático.
Com isso, o WTI para julho, referência no mercado americano, fechou em alta de 7,21%, a US$ 31,65 o barril. Já o Brent para o mesmo mês, referência no mercado europeu, avançou 7,10%, a US$ 34,81 o barril.
Bolsas do exterior
Com investidores acompanhando esforços de epicentros do coronavírus, incluindo Itália, Espanha e Nova York, de reabrir suas economias após longos períodos de bloqueio, as Bolsas europeias fecharam o pregão desta segunda-feira em alta. A Bolsa de Londres subiu 4,29%, a de Frankfurt avançou 5,67% e a de Paris se valorizava 5,16%. Já em Milão, Madri e Lisboa, os ganhos eram de 3,26%, 4,70% e 4,62%, respectivamente.
As principais Bolsas da Ásia também encerram em alta. O índice japonês Nikkei subiu 0,48% em Tóquio, enquanto o chinês Xangai Composto avançou 0,24%, o sul-coreano Kospi se valorizou 0,51% em Seul e o Hang Seng teve ganho de 0,58% em Hong Kong. Já o menos abrangente índice chinês Shenzhen Composto caiu 0,43% e o Taiex recuou 0,69% em Taiwan. Na Oceania, a Bolsa australiana ficou no azul e o S&P/ASX 200 avançou 1,03% em Sydney.
O cenário também foi positivo para as Bolsas de Nova York. O Dow Jones subiu 3,85%, o S&P 500 avançou 3,15% e o Nasdaq teve ganho de 2,44%. No pregão desta segunda, as ações da Moderna subiram mais de 20%, principalmente após a companhia anunciar mais de US$ 1 bilhão em novas ações para financiar necessidades ligadas à fabricação da vacina./KARLA SPOTORNO, MARCELA GUIMARÃES, IANDER PORCELLA E MAIARA SANTIAGO