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Com queda de 15%, Bolsa suspende negócios pela 2ª vez no dia

A primeira parada ocorreu às 10h18, quando a Bovespa chegou aos 40 mil pontos, com queda de 10% no dia

Por Sueli Cmapo e da Agência Estado
Atualização:

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou pela segunda vez nesta segunda-feira, com menos de duas horas de operação. O segundo circuit breaker foi acionado às 11h43, quando a Bolsa atingiu uma queda de 15%, aos 37.814pontos. A primeira parada ocorreu às 10h18, quando a Bovespa chegou aos 40 mil pontos, acumulando uma queda de 10% no dia. A Bolsa retomará os negócios às 12h44. É a terceira vez na história que o circuit breaker é acionado duas vezes no mesmo dia. A primeira vez foi em 28 de outubro de 1997 e a segunda, em 10 de setembro de 1998.   Veja também: Incertezas continuam, Ásia fecha em queda e Europa cai Pacote dos EUA não diminui dúvidas e bolsas asiáticas caem Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise Entenda o pacote anticrise que passou no Senado dos EUA A cronologia da crise financeira  Veja como a crise econômica já afetou o Brasil Entenda a crise nos EUA     O circuit breaker é um mecanismo utilizado pela Bovespa que permite, na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, o amortecimento e o rebalanceamento das ordens de compra e de venda. Esse instrumento constitui-se em uma "proteção" à volatilidade excessiva em momentos atípicos de mercado, segundo informa a Bolsa.   Quando o sistema foi acionado, as maiores quedas do Ibovespa - índice que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa - eram as preferenciais (PN, sem direito a voto) da Rossi Residencial (26,24%); as ordinárias (ON, com direito a voto) da Companhia Siderúrgica Nacional (26,35%); e as preferenciais do Bradesco (21,21%).   A forte queda das commodities no mercado internacional provocou estragos na Bolsa. No segundo circuit breaker, as ações da Vale ON despencavam 20,13%. Os papéis da Petrobras ON desabaram 19,42% e Gerdau PN perdia 19,02%.   Após a retomada dos negócios, não há mais limite de baixa para o Ibovespa. Contudo, explicou a assessoria da Bovespa, o diretor do pregão, André Demarco, tem a prerrogativa de interromper novamente a sessão caso julgue necessário. Essa mesma prerrogativa foi utilizada em 11 de setembro de 2001, quando ocorreram os ataques terroristas às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e ao Pentágono, em Washington, nos Estados Unidos, e os negócios na Bovespa foram interrompidos antes mesmo de o seu principal índice apontar queda de 10%.   Lula   Lula convocou para esta segunda, no Palácio do Planalto, uma reunião dos líderes e dirigentes dos 14 partidos que o apóiam. O presidente quer o engajamento de toda sua base no Congresso na aprovação de projetos que, segundo ele, podem ajudar o País a se resguardar da crise econômica mundial, que começou nos Estados Unidos, já chegou à Europa e pode alastrar-se por outras regiões.   Duas dessas propostas, disse o presidente no domingo, logo depois de votar, em São Bernardo do Campo (SP), são a aprovação, até o fim do ano, da reforma tributária e da política para o salário mínimo.   Incertezas se agravam   Na semana passada, a Bovespa encerrou a semana com perdas de 12,34%, a maior queda semanal desde julho de 2002, quando recuou 12,9% em meio à tensão pré-eleitoral que resultou no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última sexta-feira, o Ibovespa caiu 3,53%, aos 44.517,32 pontos.   Naquele dia, já se previa que o pacote de socorro às instituições norte-americanas - aprovado na na sexta-feira pelo Congresso - não seria suficiente para conter a crise de confiança nos bancos e nos mercados de crédito que se espalha pelo mundo, atingindo com mais força hoje a Europa. As preocupações na região aprofundaram-se depois que os ministros de finanças da zona do euro não conseguiram chegar a um consenso no final de semana sobre como reagir aos problemas do setor.   "O sistema bancário não funciona mais. Está quebrado. Os bancos estão entrando num período de recessão sem capital e o banco central é o único credor a recorrer. As pessoas estão com dúvida sobre o que fazer", disse o analista de ações européias da Standard and Poor’s Robert Quinn.   O euro está despencando ante o dólar, enquanto o dólar cede em relação ao iene, com a busca por refúgio na moeda japonesa. As perdas no setor financeiro na Europa são generalizadas. Em Londres, Paris e Frankfurt, as ações caem mais de 8%. Na Itália, as ações do UniCredit foram suspensas em Milão, após perdas de 14,5%, mais cedo, provocadas pela notícia de que o banco divulgou planos para aumento de capital de US$ 3 bilhões com o intuito de se fortalecer. Tentando conter uma corrida aos bancos, os governos da Alemanha e Suécia elevaram as garantias para depósitos. Na Holanda, as autoridades reguladoras anunciaram que não permitirão mais posições vendidas em ações financeiras.   A Islândia suspendeu negócios com as ações do setor financeiro. Na Ásia, o índice Tóquio caiu 4,3% e o Xangai Composto, da China, 5,2%.   A duas principais bolsas da Rússia suspenderam negociações após os preços das ações despencarem, pressionados pela preocupação de que as medidas tomadas até agora para combater a crise financeira são insuficientes para proteger a economia do país. O declínio nos mercados ocorre mesmo após as autoridades russas elaborarem um pacote de US$ 180 bilhões para auxiliar o mercado financeiro local.   Às 12h05, em Nova York, o índice Dow Jones cai 4,23%. A Nasdaq recua 5,03%. É a primeira vez em quatro anos que o Dow Jones cai abaixo de 10 mil pontos.  "Não é possível curar todos os aspectos dessa crise de uma vez só", disse Peter McCorry, oerador da Keefe Bruyette & Woods, em referência à ausência de reação positiva à aprovação do pacote nos EUA. "A confiança é o principal foco agora, assim como o fundamento de tudo o que estamos fazendo".      

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