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Com queda generalizada do PIB, Brasil fica em 22º em ranking de 48 países

Impactos da pandemia colocaram a economia global em recessão; só China e Índia tiveram resultado positivo no segundo trimestre

Por Daniela Amorim (Broadcast), e Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Apesar da queda histórica de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, o Brasil ficou na 22.ª posição no ranking internacional de desempenho da atividade econômica com 48 países, compilado pela agência de classificação de risco Austin Rating. Os impactos da pandemia foram generalizados, colocando a economia global em recessão.

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Na lista, apenas China (+11,5%) e Índia (+0,7%) aparecem no azul. Epicentro inicial da covid-19, o gigante asiático recuperou o tombo de 10% registrado na economia no primeiro trimestre, como efeito do impacto antecipado da doença em relação ao resto do globo.

Os dados do PIB brasileiro foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que anunciou nesta terça-feira, 1º, os resultados das Contas Nacionais Trimestrais.

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o fato de o Brasil estar no meio da tabela, após ter ocupado a lanterna por diversas vezes no período recente, sugere que medidas da equipe econômica como o auxílio emergencial, redução dos juros e liberação de liquidez ao sistema financeiro pelo Banco Central surtiram algum efeito.

“Poderia ter sido pior. Mas o País ainda sofre com problemas domésticos antigos. O que faz o Brasil não deslanchar é a questão fiscal e isso não é segredo para ninguém”, diz Agostini. 

Empatado com Alemanha e Tailândia no 22º lugar do ranking, o Brasil ficou logo à frente de uma lista eclética de países como Bulgária (-9,8%), Ucrânia (-9,9%), Áustria (-10,7%), Turquia (-11,0%) e Canadá (-11,5%), entre outros. E imediatamente atrás dos Estados Unidos de Donald Trump, onde o PIB caiu 9,1% no segundo trimestre de 2020. 

O desempenho da economia brasileira foi ligeiramente superior à média global no trimestre, de -9,9%, mas abaixo da média do Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul -, de 0,8%, impulsionada pela economia chinesa. O País ficou atrás de outros mercados emergentes, como Hong Kong (-0,1%), Taiwan (-1,4%) e Coreia do Sul (-3,3%), o que sinaliza desvantagem na competição por investimentos.

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Mulher caminha na frente de lojas fechadas em São Paulo durante a pandemia. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Há perspectiva de melhora no segundo semestre, mas o governo brasileiro começa a flertar com uma postura assistencialista, o que não é saudável para um País que há seis anos registra déficit primário”, afirma Agostini, destacando que as incertezas no ar contribuem para a estimativa do mercado de um crescimento de apenas 3,5% para 2021, ante 5,9% na média para o Brics.

À frente da elaboração do ranking internacional há 12 anos, Agostini diz que não viu uma concentração tão grande de quedas do PIB nem mesmo durante a crise financeira de 2009. AAustin avalia que o segundo trimestre foi o fundo do poço da crise detonada pela covid-19 e enxerga o início de uma recuperação já no terceiro trimestre.

“Não vai ter força infelizmente para anular a queda doprimeiro semestre, mas vai ser interessante para amenizar o impacto e pavimentar o crescimento para 2021, que ainda assim será pequeno”, diz Agostini.

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