PUBLICIDADE

Publicidade

Com R$ 24,2 bi, poupança é recorde

Total de depósitos novos até novembro faz de 2007 o melhor ano desde o Real, e aplicação vira opção aos fundos

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

Os depósitos superaram os saques nas cadernetas de poupança pela 15ª vez consecutiva em novembro. Conforme dados do Banco Central (BC), o mês terminou com captação líquida de R$ 2,717 bilhões, melhor resultado para novembro desde 1994. Com isso, a mais tradicional das aplicações financeiras acumula R$ 24,244 bilhões em novas aplicações em 2007. Mesmo sem dezembro, já é o maior valor anual desde o Plano Real. Renda crescente e taxa Selic em queda explicam a maior competitividade das cadernetas, segundo analistas. "O desempenho é resultado da melhora de renda da população, que passa a ter recursos para guardar", diz o professor de mercados financeiros do Ibmec-SP, Ricardo Humberto Rocha. Para o especialista, a opção pelas cadernetas tem ocorrido em detrimento dos fundos de investimento. Essa escolha, que foi a mais atrativa durante muitos anos, tem perdido rentabilidade com a queda do juro básico da economia e a elevação das taxas de administração cobradas pelos bancos, principalmente nas carteiras voltadas ao varejo. A migração dos fundos para a poupança tem ocorrido há alguns meses. Dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostram que o fundo mais tradicional, o DI, que acompanha a taxa Selic, perdeu R$ 11,926 bilhões de janeiro a novembro. No mesmo período, as cadernetas de poupança receberam R$ 24,244 bilhões. Apenas em novembro, as carteiras de renda fixa perderam R$ 6,987 bilhões. No consolidado do setor, os saques superaram as aplicações em R$ 4,320 bilhões no mês passado. Nas poupanças, houve aumento de R$ 2,717 bilhões no período. Rocha observa que nem mesmo as medidas adotadas nos últimos meses para corrigir a rentabilidade da poupança surtiram efeito. Em duas ocasiões recentes, o BC alterou regras de cálculo da TR, principal referência para a rentabilidade dessa aplicação. Segundo o professor do Ibmec, as decisões da autoridade monetária para evitar o desequilíbrio entre a rentabilidade das cadernetas e dos fundos de investimento terão os efeitos observados apenas no médio prazo. "Por enquanto, o cenário macroeconômico e a competição com os fundos é que têm determinado os movimentos dos investidores." ISENTO DO IR Além da renda em alta e da queda da Selic, outros motivos têm atraído depósitos para as poupanças. O administrador de investimentos Fábio Colombo observa que muitos clientes têm olhado para outras vantagens dessa opção, como a isenção do Imposto de Renda e a garantia de até R$ 60 mil do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de problema financeiro no banco. "Outro motivo que prejudica muito o pequeno investidor nos grandes bancos é a taxa de administração dos fundos, que pode ser superior a 5% em alguns casos. Isso inviabiliza o investimento porque anula qualquer possibilidade de ganho", diz Colombo. Segundo o BC, a poupança rendeu, na média, 0,56% em novembro. No mesmo período, alguns fundos de varejo - com baixo investimento inicial e taxas de administração próximas de 5% - renderam em torno de 0,50%. Portanto, perderam para as cadernetas. Colombo sugere que o investidor que procura fundos tradicionais - como renda fixa e DI - opte apenas por aqueles que têm taxas de administração abaixo de 2,5%. "Se for maior que isso, é melhor ir direto para a poupança porque o investidor pode perder dinheiro se ficar nos fundos."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.