SÃO PAULO - A alteração das alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a importação e comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível indica que o Banco Central está lidando com um novo mix de política econômica. É o que avalia o analista da Tendências Consultoria Integrada Thiago Curado, em entrevista à Agência Estado. "Ou seja, a taxa de juros passa a perder importância no controle inflacionário neste momento em que ela está sendo reduzida mais do que deveria, mas o governo acaba tendo uma compensação via política fiscal na qual a Cide se encaixa", explicou.
Curado lembra que a redução das alíquotas da Cide vem num momento em que, pela primeira vez, a mediana das expectativas de inflação para este ano na pesquisa Focus já está acima da meta de 6,5%, ficando em 6,52%.
Ele também ressalta que essa é a segunda medida nesse sentido implementada neste ano, depois das novas regras de tributação sobre o cigarro que devem entrar em vigor no início de 2012. "As medidas apontam que o governo está menos sensível ao centro da meta, mas que ainda se importa bastante com seu estouro. É um Banco Central que aceita uma inflação girando em torno de 6%, ou seja, o centro da meta parece que deixou de ser 4,5%", disse.
O governo editou no Diário Oficial da União o decreto 7.570, que altera o decreto 5.060, de abril de 2004, que reduz os tributos da Cide. Pelo novo decreto, a alíquota da Contribuição por metro cúbico de gasolina e suas correntes fica reduzida de R$ 230,00 para R$ 192,60, por metro cúbico.