O BTG Pactual vendeu sua participação de 49% na CredPago, plataforma especializada em aluguel sem fiador, para a Loft, startup de compra e venda de imóveis, na qual passará a ser sócio minoritário. O negócio está avaliado em cerca de R$ 1,4 bilhão e, além da participação, o BTG receberá uma parte em dinheiro nos próximos 24 meses. Já a Loft, que passa a deter 100% da fintech, aumentará sua atuação na área financeira.
O Estadão/Broadcast apurou que, embora o BTG tenha uma posição minoritária, o contrato fechado com a Loft prevê o desenvolvimento em conjunto de produtos como financiamento imobiliário, fiança, entre outros, e a oferta de serviços financeiros da plataforma digital do banco aos clientes da Loft.
O vice-presidente de negócios da Loft, Kristian Huber, cofundador da empresa, conta que algumas ideias já foram discutidas sobre produtos de financiamento imobiliário e bancários. “A distribuição acontecerá tanto nos canais da CredPago, quanto na plataforma da Loft”, ressalta.
Huber observa que, além de intermediar a compra e venda de apartamentos no Rio e São Paulo, a fusão com a CredPago vai permitir a atuação nacional em produtos. “A CredPago conseguiu expandir nacionalmente, de forma muito eficiente, quase sem nenhum capital”, disse. O executivo da Loft conta que conheceu a CredPago há dois anos e que as conversas sobre uma possível fusão ou parceria começaram há alguns meses. “As conversas foram esquentando”, lembra.
Com o desembolso bilionário, a Loft deve ampliar sua área de produtos financeiros, criada em janeiro do ano passado e que hoje já origina R$ 2 bilhões por ano em crédito imobiliário. Os fundadores da CredPago vão seguir tocando o negócio, mas contando com o auxílio da Loft.
Retorno
Basicamente, o BTG conseguiu maximizar o investimento que fez em fevereiro de 2020 na CredPago. Na ocasião, o BTG indicou que pretendia explorar sinergias com seus negócios e levar a fintech curitibana para outros países da América Latina, onde tem atuação. Na Loft, o BTG vai explorar negócios junto a um público mais amplo e diversificado do que o que tinha com a CredPago.
O setor imobiliário é tido como um dos que mais têm crescido, e existem poucos concorrentes neste formato digital. Atualmente, apenas o Quinto Andar, que recebeu investimento do gigante fundo asiático Softbank, aparece como o principal concorrente da Loft.
Fundada em 2018 por Florian Hagenbuch e Mate Pencz, a Loft já fez algumas rodadas de captação. A empresa anunciou, em março deste ano, uma captação de US$ 425 milhões e, em abril, um aporte adicional de US$ 100 milhões, na sua quarta série de arrecadação de investimentos.
Na base de investidores da Loft, estão nomes como o californiano Andreessen Horowitz, do Vale do Silício, a Vulcan Capital, que pertence a uma empresa de Paul Allen, cofundador da Microsfot, e o GIC, fundo soberano de Cingapura. Aquisições. Capitalizada, a Loft segue atenta a possíveis aquisições. “Temos um time que fica analisando as oportunidades, seja de parcerias, seja de aquisição”, afirma Huber.
A Loft tem disponíveis atualmente na sua plataforma mais de 15 mil apartamentos à venda em São Paulo e no Rio de Janeiro. O vice-presidente de negócios da empresa conta que há planos de expandir para novas capitais e até ao exterior, mas por enquanto é uma discussão dentro da companhia, sem decisões concretas.