Impulsionado pela alta no preço dos combustíveis, o custo de vida na cidade de São Paulo teve alta de 0,52%, em março, segundo o Índice do Custo de Vida (ICV) calculado pelo Dieese. Com isso, as despesas das famílias ficaram 0,40 ponto acima da taxa de 0,12% apurada em fevereiro. Segundo definiu a coordenadora do índice, Cornélia Nogueira Porto, na base da variação está a terceira alta consecutiva do grupo Transportes, que ficou em 3,42% no mês passado, dando, sozinho, uma contribuição de 0,58 ponto porcentual para a composição total. A alta do mês passado resultou da elevação de 7,15% do subgrupo combustíveis, puxado por 16,13% do álcool e de 4,02% da gasolina. Na contramão dos Transportes, o grupo Alimentação fechou o mês com uma deflação de 0,28%, o que resultou em impacto de 0,06 ponto porcentual. Despesas Pessoais teve alta de 0,66%; Saúde, de 0,13%; Equipamento Doméstico, queda de 0,33%; e Vestuário, retração de 0,48%. Tendência de queda A alta da inflação de março em São Paulo elevou a inflação do paulistano acumulada no ano a 1,37%. Com isso, a taxa resultante do acúmulo inflacionário nos últimos 12 meses subiu para 3,83%. De acordo com Cornélia, a "observação da série de taxas anuais revela uma nítida mudança de patamar inflacionário." No segando trimestre do ano passado a taxa anualizada foi de 8,02%, no semestre seguinte caiu para 5,11% e no primeiro trimestre deste ano a inflação média caiu para 4,10%. Inflação é maior para mais ricos Segundo o Dieese, o aumento do ICV em março atingiu, principalmente, as famílias que ganham uma média de R$ 2.792,90 mensais. Isso porque, segundo o instituto, os maiores vilões da inflação - o álcool e a gasolina - impactam mais essa parcela da população. Para esta categoria de consumidor, o ICV fechou em 0,65%, superando em 0,13 ponto porcentual o índice total. Além dos combustíveis, também pressionaram a inflação destas famílias os gastos com saúde, que subiram 0,13% em março, puxado por assistência médica, com 0,16%; consultas médicas, com 0,70%; e diárias hospitalares, com 1,28%. Em seguida está a classe intermediária, com ganho médio de R$ 934,17 mensais. Neste estrato a inflação foi de 0,43%. Estas famílias sofrem menos com os aumentos dos combustíveis e saúde, e, da mesma forma das mais pobres, se beneficiaram com a queda de 0,28% dos alimentos. Na avaliação de Cornélia Nogueira, se não fossem os combustíveis, é provável que todos os estratos de renda tivessem apresentado inflação negativa. A parcela da população que ganha uma média de R$ 377,49 por mês foi a que menos sentiu o aumento de preços no período. A alta segmentada ficou em 0,15%, principalmente, porque os dois grupos que mais encareceram no período pouco ou quase nada pesam na lista de compras destas famílias, que para se locomoverem usam o transporte coletivo. Cornélia ressaltou que nos primeiros três meses deste ano os transportes coletivos quase não sofreram alteração em suas tarifas. Este texto foi atualizado às 14h54.