10 de junho de 2013 | 02h07
Quando a Nintendo lançou o Wii U em novembro de 2012 trouxe um videogame com uma série de funções sociais. Agora o PlayStation 4 (PS4), da Sony, e o Xbox One, da Microsoft, - com ferramentas voltadas para o entretenimento - chegam para endossar a característica multifuncional que foi incorporada por esta nova geração de videogames. Tanto o Xbox One quanto o PS4 começam a ser vendidos no fim do ano.
Juntos, os três novos aparelhos são as estrelas da feira E3, maior evento da indústria dos videogames que começa hoje em Los Angeles. É lá que as três gigantes do setor apresentam suas principais apostas para se sobressair neste novo ciclo dos jogos - que agora enfrentam outros rivais, como os dispositivos móveis.
As fabricantes mostraram aparelhos que vão além dos games. Eles reproduzem filmes, acessam a internet e reúnem outras funções multimídia. Trata-se de uma evolução das tecnologias adotadas nos últimos anos.
Na avaliação do diretor para a América Latina da produtora de jogos Ubisoft, Bertrand Chaverot, a disseminação da banda larga permitiu que mais pessoas jogassem em rede, com outros jogadores. "Isso é consequência do crescimento das redes sociais. As pessoas preferem jogar com os amigos a jogar sozinhas", diz o executivo. "O sucesso dos jogos sociais mostrou para as fabricantes de consoles que o lado multijogador - compartilhar, desafiar, brincar - era o mais importante."
A aposta da Microsoft é uma máquina "tudo em um", como a empresa definiu o Xbox One. Já a Sony colocará no mercado um videogame que é, prioritariamente, um sistema de jogos, diz a empresa. As duas fabricantes prometem aparelhos que vão se integrar à rotina do usuário e se tornar a principal plataforma para todas as atividades de entretenimento na sala de estar. Outra característica é que ambos interagem com outros dispositivos, como smartphones e videogames portáteis, o que reforça o caráter social desta nova geração de aparelhos.
Nenhum dos dois chegou às lojas, mas eles já dividem o público. Na opinião de Marcos Khalil, presidente executivo da rede de lojas UZ Games, Sony e Microsoft disputarão a atenção dos jogadores hardcore - aquela parcela que joga com frequência há mais tempo e, consequentemente, gasta mais. "Sony e Microsoft brigarão pela mesma fatia. As duas querem manter os jogadores hardcore e atrair os novos adeptos", diz. "Eles não se esqueceram de mostrar o lado casual, pois perceberam que esse público também tem potencial de consumo."
Já a Nintendo, avalia Khalil, busca um outro público - os jogadores menos ávidos, que procuram games mais simples, justamente aqueles que fizeram do Wii o videogame mais vendido da última geração. Cem milhões de unidades foram comercializadas desde o lançamento em novembro de 2006. Mas, apesar de oferecer funções multimídia com o novo Wii U, a empresa precisa melhorar. "A Nintendo tem de focar nas funções interativas da internet. Hoje o jogador é muito mais antenado, é uma exigência dele estar conectado", diz Khalil.
O Wii U saiu na frente, mas as vendas têm decepcionado. No primeiro trimestre, 390 mil unidades foram distribuídas às lojas. No Brasil, onde ele não chegou oficialmente e só é vendido por importadores, a procura foi praticamente nula, segundo presidente da UZ Games.
A saída, na opinião de Chaverot, é desenvolver jogos de qualidade. "A Nintendo ainda vai anunciar seus primeiros grandes títulos para Wii U. É muito importante ver o que ela vai revelar, porque faz jogos muito bons. É importante para cada console ter seus carros-chefes entre os games."
Velhos amigos. De acordo com a consultoria GFK, há aproximadamente 5 milhões de videogames da atual geração em uso no Brasil. A chegada das novas plataformas, porém, não será um impedimento para que esse número cresça, de acordo com Jonathan Harris, gerente de marketing e vendas da produtora Eletronic Arts no Brasil. "No mercado de videogames, esses períodos de transição dão uma vida longa à geração vigente, que ainda vai continuar vendendo", afirma. O motivo, diz o executivo, é que novos jogos continuam sendo lançados para essas plataformas.
Chaverot compartilha dessa opinião. Ele afirma que a expectativa da Ubisoft é que a quantidade de videogames da geração atual chegue a 10 milhões nos próximos anos, principalmente por causa da queda nos preços que ocorre depois do lançamento de uma nova geração.
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