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Começa hoje visita de Anne Krueger ao Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

A prorrogação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), já incluída na agenda do governo e na dos candidatos à sucessão de Fernando Henrique Cardoso, está na pauta das conversas que a vice-diretora do Fundo, Anne Krueger, terá esta semana no Brasil com autoridades do governo brasileiro. Hoje, Krueger se encontra, no Rio, com o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, e amanhã, em Brasília, com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e com o presidente Fernando Henrique Cardoso. O encontro com o presidente é emblemático e atesta a importância que o FMI está dando a esta primeira visita de Krueger ao Brasil, bem como a do próprio governo brasileiro, que, em meio às turbulências próprias de períodos eleitorais e da economia mundial, está disposto a alongar um pouco mais o acordo formal que mantém com o FMI com o objetivo claro de permitir ao País atravessar com tranqüilidade os primeiros meses do próximo governo. Termo de compromisso Na avaliação de fontes do governo, a prorrogação do acordo interessa a todos. O discurso ambíguo dos candidatos e até mesmo posições mais radicais desfavoráveis à continuidade do acordo com o FMI fazem parte da campanha eleitoral e, no momento oportuno, se necessário, cederão lugar à colocações mais cordiais de entendimento junto ao Fundo. A continuidade do acordo deve ser analisada pelo sucessor do presidente Fernando Henrique, o que elimina, em princípio, a possibilidade de um entendimento antes da definição do segundo turno das eleições, segundo comentou uma importante fonte da equipe econômica. "Um acordo com o Fundo é firmado por um governo e não por candidatos", afirmou. A menos que o cenário doméstico e internacional (crise econômica norte-americana e seus desdobramento sobre os países emergentes) se deteriore de forma a comprometer a sobrevivência de curto prazo de países como o Brasil, seria possível pensar em formalizar um acordo ainda na fase preliminar da campanha eleitoral. De qualquer forma, essa hipótese pressupõe a necessidade de se montar um mecanismo, aceito pelo Fundo, que permita aos candidatos "assinarem como testemunhas" um acordo a ser executado por um novo governo, uma questão não considerada neste momento. Problemas externos A viabilidade de uma prorrogação do acordo com o FMI é aceita pela instituição e pelo próprio governo Fernando Henrique Cardoso. O ministro Pedro Malan e o presidente do BC, Armínio Fraga, já foram bastante claros. Há entendimentos em torno deste acordo? Sim. Há possibilidade de se evoluir para o desfecho deste entendimento? Sim. Quando e por quanto tempo o Brasil seria receptor de um dinheiro a que tem direito por ser cotista do Fundo são questões em aberto que serão equacionadas na medida em que os meses forem passando. A melhor forma de se entender a necessidade deste acordo é considerar que os problemas domésticos não são os únicos que afetam a economia brasileira. A campanha eleitoral tem impacto sobre a economia e os mercados, mas a crise de credibilidade que afetou os EUA após a divulgação do crescente número de empresas com problemas sérios em seus balanços é um aditivo perigoso à volatilidade dos mercados provocada pela processo eleitoral. "Temos uma idéia de como vamos chegar até dezembro. O difícil é saber como chegaremos até março", atesta a mesma fonte consultada pela Agência Estado. Isso não significa dizer que o governo queira um acordo tampão com o Fundo, ou apenas uma blindagem de alguns meses. A idéia é prorrogar pelo prazo de mais um ano o acordo atual, que tem vigência até dezembro. "Será tempo suficiente para que o próximo governo se posicione e assuma sua própria face num processo que transcorra em clima de tranqüilidade", atestam os assessores. Resultados O processo de globalização introduziu, felizmente ou infelizmente, uma urgência quanto ao impacto positivo ou negativo das análises dos mercados. Os efeitos positivos ou negativos se antecipam sempre. Na semana passada, a notícia da visita de Anne Krueger ao País foi suficiente para acalmar o mercado e antecipou positivamente o impacto da notícia de que a prorrogação do acordo com o FMI está em discussão no governo e nas campanhas eleitorais, apesar das naturais dificuldades dos candidatos de assumirem publicamente se assinarão um acordo com o Fundo. O discurso político comporta a ambigüidade em relação a se recorrer, mais uma vez, ao FMI, postura salutar neste momento da campanha eleitoral. O fato, no entanto, é que o governo tem bons resultados para exibir na condução da economia, apesar de toda a turbulência vivida nos últimos dias e meses. Na linguagem não usual do ministro Malan e de Fraga, o governo está tirando proveito da crise. O BC divulgará oportunamente que a escalada do dólar, o rebaixamento do rating brasileiro e o aumento do risco Brasil permitiram ao governo suavizar a agenda de pagamentos externos: o uso das reservas cambiais para a compra de papéis que vencem em 2003 e 2004 representou uma excelente economia para País. Essas informações serão divulgadas no momento oportuno, quando o governo considerar encerrado o processo de compra dos títulos. Por enquanto, divulgar uma informação desta, segundo assessores, é dar munição ao adversário. Estes assessores chamam atenção, também, para o fato de que as captações realizadas pelo Tesouro Nacional são mais que suficientes para as amortizações e o patamar de investimentos diretos, apesar de em nível inferior ao projetado inicialmente devido à cautela dos investidores diante das perdas que estão experimentando nos EUA, não criará problemas para o fechamento do balanço de pagamentos.

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