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Sindicatos paralisam Argentina pela terceira vez contra ajustes e acordo com FMI

Embora a convocação da Confederação Geral de Trabalhadores (CGT) se limite a uma paralisação das atividades, sem manifestações, setores mais radicais anunciaram que pretendem bloquear os acessos a Buenos Aires com mobilizações

Por Gabriel Bueno da Costa
Atualização:

BUENOS AIRES - A principal central sindical da Argentina encabeçou uma greve geral de 24 horas nesta segunda-feira, 25 – a terceira feita em retaliação a políticas de ajuste promovidas pelo presidente do país, Maurício Macri. A greve manteve o transporte público, aéreo e naval inativos, além de escolas e da administração estatal. A paralisação afetou a exportação de grãos e o sistema bancário.

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O movimento, convocado pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) se mostrou com força na capital argentina devido à falta de circulação de ônibus, trens e metrô e foi respaldada por outros grupos, como organizações sociais e políticas que realizaram bloqueios nas principais vias de acesso a Buenos Aires.

Esta é a terceiragreve geral convocada no país em 15 meses contra o governo de Macri Foto: Eitan Abramovich / AFP

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Os trabalhadores protestaram contra o quadro econômico ruim no país, os cortes de subsídios e outras medidas do governo para tentar ajustar as contas públicas, após o acordo de US$ 50 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, reclamam do impacto da alta inflação sobre os salários e da forte subida dos impostos de luz, água e gás.

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A CGT destacou o “altíssimo nível” da greve geral. “As medidas adotadas nos últimos tempos estão prejudicando seriamente não apenas os trabalhadores, mas as pequenas e médias empresas, o comércio, as economias regionais e os setores mais vulneráveis do país”, afirmou Juan Carlos Schmid, um dos três líderes da CGT. 

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Durante conferência na sede do sindicato, em Buenos Aires, Schmid assegurou que na greve “o descontentamento se impôs às questões sindicais”, e pequenas empresas, pequenos proprietários e população “se manifestaram contra a desordem econômica conduzida pelo governo Macri”. Schmid disse que a CGT decidiu convocar a greve após ter “esgotado” todas as instâncias institucionais para encontrar alternativas. “O governo tem de corrigir seu programa econômico (...), que está levando ao desastre.”

Adesão. A Argentina amanheceu com as ruas desertas, rodovias que dão acesso às principais cidades fechadas, sem transporte público. Trabalhadores da limpeza pública e das escolas aderiram à paralisação. Funcionários aeronáuticos também pararam e 594 voos foram cancelados, afetando 71 mil passageiros. “Nesta segunda-feira (25) não haverá ônibus, trens, metrô, bancos, tampouco aulas nos distintos níveis da educação, nem coleta de lixo, e haverá apenas plantão nos hospitais públicos para atender a emergências”, informou a agência estatal Télam.

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Segundo o Clarín, adesão ao movimento se deve, em grande parte, à falta de transporte público. O jornal diz que Macri trabalhou para tentar evitar a paralisação, sem sucesso. Em entrevista a um site, o presidente criticou a greve e disse “que não contribui nem soma nada”.

O comerciante Luis Zárate, da região de Don Orione, disse que se juntou ao protesto porque “o custo de vida aumentou 30% e com paritarias (negociações salariais) de aumento de 15% não acho que há trabalhador que chegue ao fim do mês”. /

COM INFORMAÇÕES AFP e EFE

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