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Comercializadores esperam queda em preço da energia no Brasil em junho

Por ANNA FLÁVIA ROCHAS
Atualização:

A possível chegada do El Niño ao Brasil em junho está animando comercializadores de energia a estimarem queda no preço da energia de curto prazo no próximo mês, já que o fenômeno meterológico poderá contribuir para estimativas mais positivas de chuvas sobre as hidrelétricas do país. "A gente espera uma tendência de queda para o PLD --Preço de Liquidação de Diferenças-- para cerca de 700 reais por megawatt-hora", disse o presidente da Bolt Comercializadora, Érico Evaristo, nesta quinta-feira. Segundo ele, as estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para junho indicam melhoria nas afluências de chuvas no Sul e em parte do Sudeste, incluindo a bacia do Paranapanema, além de uma desaceleração do consumo de carga de energia. Evaristo acrescenta que o consumo de carga de energia no sistema em maio ficou bem abaixo do previsto pelo ONS. O ONS realiza previamente reunião com agente do setor elétrico sobre suas estimativas e procedimentos de operação para o mês seguinte e, na sexta-feira, divulga os relatórios com as previsões. Apesar da melhora das estimativas do modelo do setor elétrico, as chuvas de junho não devem recuperar reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, região responsável por 70 por cento do armazenamento das hidrelétricas do país. O nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, que está em 37,42 por cento atualmente, deve terminar o mês ainda por volta dos 37 por cento, segundo previsões da Bolt Comercializadora. "Chuvas de inverno nunca recuperam reservatórios do Sudeste. Se chover muito no Sul, vai contribuir para que a redução de nível das represas do Sudeste seja menor", disse. Segundo Evaristo, o ONS estima que em junho as chuvas do Sudeste sejam de cerca de 83 por cento da média histórica para o mês. No Sul, em 149 por cento da média histórica. Já no Nordeste, as chuvas que chegam aos reservatórios devem ser o equivalente a 48 por cento da média histórica, enquanto no Norte as afluências estimadas são de cerca de 98 por cento da média. Para que o PLD caia, deve haver redução do Custo Marginal de Operação (CMO), indicando menor despacho de térmicas dentro da ordem de mérito, segundo a qual o ONS aciona usinas das mais baratas para as mais caras. "Mas eu acho que o ONS vai manter o despacho fora da ordem de mérito, ou seja, mesmo aquelas que tem CVU (custo) acima no CMO", disse Evaristo. O ONS divulgará na sexta-feira suas estimativas para junho e os dados serão atualizados semanalmente. A sustentabilidade do PLD num patamar mais baixo só ocorre se o cenário mais favorável estimado continuar ao longo das semanas, já que o modelo é bastante sensível às alterações de previsões. Para o presidente da comercializadora Trade Energy, Walfrido Ávila, o PLD pode cair até abaixo dos 700 reais, já na semana que vem, diante das condições de chuva. Ele acrescentou, no entanto, que isso é uma possibilidade, que depende de outros fatores como a disponibilidade de térmicas no período, entrada de algumas máquinas em manutenção e etc. "Mas normalmente falando, o preço tende a cair. Se cair, já cai agora essa semana", disse ele ao se referir à semana que vem. O diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego, considera que o cenário teve uma melhora e que há tendência, segundo o modelo usado pelo ONS, de redução do risco de déficit de energia. "Teve uma melhora, mas não sei se a ponto do PLD cair", disse Rego, acrescentando que espera o preço ainda na faixa dos 800 reais em junho. O PLD para a primeira semana de junho será divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) também na sexta-feira. Atualmente, o PLD médio está em 817,05 reais por MWh para todos os mercados do país.

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