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Comércio reage e cresce 1,4% em janeiro

Liquidações ajudam, mas é cedo para falar em recuperação, diz IBGE

Por Jacqueline Farid
Atualização:

O desempenho do comércio varejista surpreendeu em janeiro e trouxe um pouco de alívio ao fim de uma semana de notícias ruins na economia. As vendas do setor cresceram 1,4% ante dezembro, contrariando previsões de queda. Em relação a janeiro do ano passado, houve alta de 6%. Hiper e supermercados e móveis e eletrodomésticos garantiram os resultados. Os analistas de mercado financeiro esperavam, em média, recuo 0,1% nas vendas em relação ao mês anterior. O técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Reinaldo Pereira, atribuiu a boa surpresa às promoções de início de ano para esvaziar estoques, mas citou também a continuidade de aumento da massa salarial e as iniciativas governamentais para incentivar o consumo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e a nova tabela do Imposto de Renda. Segundo Pereira, a crise elevou a quantidade de mercadoria armazenada nas lojas no último trimestre, o que levou a liquidações mais agressivas em janeiro. Até as vendas de bens duráveis como móveis e eletrodomésticos, que vinham registrando queda por causa da restrição de crédito, subiram 7,1% em janeiro em comparação a dezembro. Apesar do desempenho positivo, Pereira ressaltou que houve perda de ritmo na expansão do varejo, revelada na comparação anual. Segundo ele, a alta de 6% ante janeiro de 2008 representou a menor expansão, para o primeiro mês do ano, desde janeiro de 2004. Em igual mês, o setor cresceu 11,8%, o melhor resultado da série iniciada em 2001. Ele disse que essa base de comparação elevada influenciou a desaceleração do crescimento em janeiro de 2009, mas houve também influência da crise. "Sem a crise, a perda de ritmo não seria tão forte." O chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, também credita os bons resultados de janeiro às promoções. "Os estoques estavam altos, ainda é cedo para dizer que a tendência de desaceleração vai mudar." A analista da Tendências Consultoria, Mariana Oliveira, também alerta que seria precipitado comemorar qualquer blindagem do varejo à crise. Ela considera que os dados de janeiro mostram que o comércio teve "fôlego surpreendente", mas "seria prematuro afirmar que o comércio voltou a uma trajetória consistente de crescimento elevado". Ela não descarta recuos nos próximos meses. Segundo Mariana, os resultados de janeiro levaram a Tendências a colocar um viés positivo na projeção de aumento de 3,1% nas vendas do varejo este ano. Em 2008, as vendas cresceram 9,1%.

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