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Comércio paulista tem o pior semestre desde o início do Plano Real

Entre janeiro e junho, movimento de vendas caiu 11,1% aponta a Associação Comercial de São Paulo; segundo a Serasa Experian retração nas vendas foi de 8,3% em igual período

Foto do author Márcia De Chiara
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Márcia De Chiara e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

O comércio varejista fechou o primeiro semestre com o pior desempenho para o período desde o início do Plano Real. Dois indicadores que acompanham o pulso das vendas em São Paulo e no País mostram um desempenho muito ruim no período como um todo, apesar de, a cada mês, as quedas terem sido menos acentuadas.

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 O tombo no volume de vendas entre janeiro e junho deste ano foi 11,1%na cidade de São Paulo comparado com os mesmos meses de 2015, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Foi a maior retração desde 1995. Nem na última recessão que a economia brasileira enfrentou em 2009, a queda foi tão forte. No primeiro semestre daquele ano, o varejo paulista encolheu 7,7% ante o mesmo período de 2008.

Nas contas da Serasa Experian, a atividade do comércio no País recuou 8,3% no primeiro semestre deste ano. Foi o pior resultado da série do Indicador de Atividade iniciada em 2001. A queda registrada no primeiro semestre de 2016 supera até mesmo o recuo de 6,9% observado no primeiro semestre de 2002, época em que o País vivia a “Crise do Apagão”.

Desemprego em alta, confiança ainda em níveis muito baixos e crédito caro e escasso explicam, segundo os economistas das duas entidades, o fracasso do varejo no semestre. Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, lembra que em 2009 o País saiu da recessão por causa do impulso dado ao consumo. “Desta vez é diferente: temos desemprego de dois dígitos, 60 milhões de brasileiros com o nome sujo e não há perspectiva de redução de juros.”

Os dados da Serasa Experian mostra que os setores do varejo mais afetados no primeiro semestre deste ano foram o dependentes de crédito. Tanto é que as vendas carros, seguidas por itens de vestuário e eletroeletrônicos, tiveramretrações de 17%, 13,9% e 13,3%, respectivamente, no semestre. Já nos supermercados, onde os negócios dependem mais da renda, o recuo foi menor, de 7,5%. O único segmento cujas as vendas avançaram no período foi o de combustíveis, que cresceu 4,3%.

Fundo do poço. Apesar da forte retração no primeiro semestre como um todo, os dados mensais mostram uma reação. Os economistas acreditam que o fundo do poço da atividade do comércio foi na virada do primeiro para segundo trimestre. Em abril, o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa caiu 9,5% em relação ao mesmo mês de 2015. Em maio, a queda foi de 8,3% eencerrou junho com retração de 6,7%.

“O pior já passou”, diz o economista da ACSP. Em junho, por exemplo, o movimento de vendas em São Paulo caiu 1,5% sobre o ano anterior. Essa retração foi atenuada pelo avanço das consultas para vendas a prazo, que cresceram 1,6% em bases anuais, enquanto a vendas à vista recuaram4,6% no período. 

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Apesar dessa reação, Alfieri acredita que a atividade bateu no fundo poço, mas ainda não saiu dele. Ele observa que a recuperação é seletiva, isto é, está sendo puxada por itens sazonais, como aquecedores, chuveiros e artigos de vestuário por causa do frio.

Também o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes, separa a reação do varejo em dois grupos. Para a venda de bens duráveis e dependentes de crédito, ele não enxerga uma reação, diante de juros elevados e do calote em alta. “A queda é menor em termos de taxa, mas o faturamento não para de piorar.” Já no caso dos supermercados, por conta do arrefecimento da inflação de alimentos e pelo fato de vender itens essenciais, é possível acreditar que o pior já tenha passado.

No vermelho. “Estávamos num inverno de menos 30 graus Celsius e agora estamos com uma temperatura de menos 25”, compara Rabi, fazendo referência a taxas negativas ao longo dos meses. No entanto, ele projeta que o comércio varejista feche este ano no vermelho, com queda de 6% em relação a 2015. Se a projeção se confirmar, será o pior resultado anual da série do indicador do comércio iniciada em 2001.

 Para este ano, a CNC projeta queda de 4,8% nas vendas do varejo restrito, que não incluemveículos e materiais de construção, e retração de 9,4% para o varejo ampliado. No ano passado, as vendas do varejo restrito, de acordo com o IBGE, encolheram4,3% e o varejo ampliado teve recuo de 8,6%.

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