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Comissário da UE chega ao Brasil nesta quarta

Por Agencia Estado
Atualização:

O comissário para o Comércio Exterior da União Européia (UE), Pascal Lamy, desembarca nesta quarta-feira no Brasil para discutir a fórmula que pode acelerar as complicadas negociações comerciais entre o Mercosul e o bloco europeu. Lamy ainda tentará convencer o País a um esforço conjunto para demover os Estados Unidos da intenção de aplicar restrições às importações de aço. Sua agenda, entretanto, não trará apenas temas de conciliação de interesses. O comissário deixará clara a ameaça da UE de levar à Organização Mundial do Comércio (OMC) uma queixa contra a proibição brasileira para importação de pneus recauchutados. Lamy permanecerá apenas dois dias no Brasil e seguirá depois para a Argentina e o Chile. ?Massa de manobra?? Segundo o embaixador da União Européia no Brasil, Rolf Timans, a missão do comissário será demonstrar a "seriedade" do propósito europeu de intensificar as suas "delicadas" relações com os países do Cone Sul. Do lado brasileiro, há desconfianças de que a parceria proposta pelo bloco europeu camufle o objetivo de usar o Brasil e seus vizinhos como "massa de manobra" nos confrontos com os Estados Unidos. Nesta quinta-feira, em Brasília, Lamy vai encontrar-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso e, reservadamente, com os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, da Fazenda, Pedro Malan, e das Relações Exteriores, Celso Lafer. Fiesp Nesta quarta-feira, em São Paulo, Lamy deve almoçar com a presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia, Maria Sílvia Bastos, e com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, e terá encontros com outros empresários brasileiros e investidores europeus. Segundo Timans, em cada compromisso, o comissário deve concentrar-se principalmente em dois pontos. O primeiro é o desafio de a UE e o Mercosul definirem um mecanismo para acelerar as negociações comerciais, com mais impulso neste ano. Timans lembrou que as propostas de abertura de mercados, apresentadas no ano passado, "são iniciais e podem ser melhoradas". Dificuldades No entanto, enumerou mais dificuldades que facilidades para ambos os lados avançarem nesse acordo. Do lado do Mercosul, o maior foco de complicações está na crise argentina. Do lado europeu, os principais entraves são a reforma da Política Agrícola Comum (PAC), a adesão ao bloco de novos sócios da Europa Central e os processos eleitorais em boa parte dos seus membros neste ano. Há ainda um complicador no mandato dos 15 países da UE que autorizou as negociações com o Mercosul - uma cláusula que atrela essas discussões à evolução na rodada da OMC. "Lamy quer discutir com as autoridades e os empresários brasileiros como avançar e até onde ir com as negociações com o Mercosul", afirmou Timans. "A União Européia teme pagar duas vezes pela abertura do mercado dos países do Mercosul. Uma vez, na própria negociação entre os blocos, e outra, na rodada da OMC." Aço O segundo ponto diz respeito à decisão do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de aplicar medidas de salvaguarda para a proteção de sua indústria siderúrgica no dia 6. De acordo com Timans, é possível que Lamy proponha a Lafer um esforço conjunto da União Européia e do Brasil, no início da próxima semana, como última tentativa para que o governo americano desista da proteção ao setor. Caso não tenham êxito, Timans indicou que a UE deve seguir o exemplo americano e proteger sua indústria do aço, apesar de "todos os argumentos do Brasil para que o mercado europeu não seja bloqueado".

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