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Como as calçadas podem ajudar a melhorar a cidade

Uso de pisos permeáveis e vegetação nos passeios promovem a melhoria da paisagem urbana e ainda valorizam os imóveis em seu entorno

Por João Carlos Moreira
Atualização:

Em tempos de crise hídrica e de novo Plano Diretor Estratégico - que beneficia, em algumas situações, a integração do espaço público e áreas internas de empreendimentos - uma solução prática para pavimentação de calçadas ganha espaço no mercado. São os pisos permeáveis, que facilitam a drenagem ou o escoamento das chuvas e fazem parte do projeto Calçadas Vivas desenvolvido pelo arquiteto e paisagista Benedito Abbud. A iniciativa tem como proposta melhorar a qualidade do passeio público das cidades.

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Apresentado na Casa Cor 2015 de São Paulo, o trabalho de Abbud utiliza os pisos com material drenante como ponto de partida para uma série de mudanças nas calçadas, tornando-a uma espécie de ferramenta para melhorias urbanas. Ele diz que os chamados pisos intertravados, feitos de material que permite a absorção da água, ajudam a hidratar o solo.

"Com a impermeabilização das ruas ao longo dos anos, a água da chuva vai para bocas de lobo e daí para os rios, não chega ao solo. É pouco aproveitada e ainda causa enchentes", diz.

Ele entende que é necessário cada vez mais empenho para reverter essa situação, utilizando no calçamento materiais que reduzam a impermeabilização do solo. Entre os tipos de piso drenante, Abbud optou pelo modelo intertravado na calçada de entrada da Casa Cor, pela praticidade e bom resultado estético.É crescente a exigência de calçadas de qualidade nas cidades, diz o arquiteto, considerando isso fator fundamental para ocupação do espaço público pela população. "Com mais gente na rua, melhora a segurança." O projeto prevê intervenções na calçada que melhoram a qualidade de vida das ruas. Segundo ele, o passeio público precisa abrigar elementos que melhorem a urbanização, a começar pelo plantio de árvores. "A vegetação dá escala humana às ruas e avenidas e harmoniza a paisagem urbana. É bem diferente andar numa calçada diante de muros altos, sem nenhuma árvore, ou nesse mesmo local, mas arborizado", afirma. Abbud lembra que a vegetação colabora para amenizar efeitos das ilhas de calor que se formam em razão da grande presença de concreto. Ele diz que projetos de calçadas devem definir adequadamente faixas de circulação do passeio público e aquelas destinadas ao plantio de árvores. Cita o caso dos parklets já criados em vias da capital, onde duas ou três vagas de estacionados dão lugar a minipraça, com bancos e plantas. "Pequenos parques podem ser construídos em áreas privadas, mas abertos ao público", afirma, dando como exemplo o espaço criado no complexo Kinoplex de cinemas do Itaim Bibi, na zona sul paulistana. O conceito de Calçadas Vivas, segundo Abbud, se ancora no que ele chama de gentilezas urbanas. Para ele, a beleza da paisagem urbana está relacionada à qualidade de vida. "Valorizar o espaço urbano estimula pessoas a cuidar desse espaço. Beleza gera dignidade, que, por sua vez, gera cidadania, gera gentileza", afirma. "Hoje, as calçadas de nossas cidades são terra de ninguém, temos de mostrar que elas devem ser ocupadas pela população", diz Abbud. Ele defende iniciativas em que moradores adotam uma árvore ou praça para cuidar. "Essas ações criam relação entre o cidadão e a cidade. E irradiam benefícios no entorno."  

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