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Como o abismo fiscal afeta pequenos empresários nos EUA?

Enquanto uns se preparam para cortes, outros mantêm otimismo para 2013, apesar de o impasse permanecer em Washington.

Por Jill Martin
Atualização:

Chris Bates está de olho tanto no clima quanto em Washington. O diretor-geral de um resort de esqui no Estado americano da Carolina do Norte está cansado das conversas sobre o abismo fiscal - uma série de restrições orçamentárias que deverão entrar em vigor após 31 de dezembro e podem fazer com que a economia americana mergulhe novamente em recessão. Ele teme não poder reformar suas pistas de esqui caso os congressistas democratas e republicanos não cheguem a um acordo para evitar o abismo. Isso porque bilhões de dólares em aumentos de impostos e cortes de gastos estatais entrarão em vigor a partir de 1º de janeiro. "Eu tinha um orçamento de US$ 600 mil planejado para o ano que vem", diz Bates. "Acho que grande parte dele vai embora se deixarem isso [o abismo] acontecer." Seu resort recebe mais de 120 mil turistas por temporada, vindos principalmente do Estado vizinho da Geórgia. Muitos deles serão afetados pelas incertezas e pela austeridade trazida pelo abismo fiscal. "Não entendo como Washington funciona", desabafa Bates. "Acho que isso vai assustar muitos consumidores. E acho que a incerteza vai afetar os padrões de consumo, algo que vai prejudicar nossa já frágil economia." Mais impostos Os 300 funcionários do resort podem ter de arcar com no mínimo 2% de aumento em seus impostos no ano que vem, como os demais trabalhadores do resto do país. E reduções nos impostos em vigor desde a era Bush podem ser eliminadas. Ao mesmo tempo, o abismo fiscal traria também amplos cortes em defesa, educação e saúde. Daí o perigo de que o país volte a uma recessão caso o impasse em Washington seja mantido. Apesar do turbilhão de notícias sobre o tema, muitos pequenos empresários não sabem como o abismo fiscal afetará seus negócios. Alguns apostam que o Congresso e o presidente Barack Obama chegarão a um acordo antes da data limite de 31 de dezembro. Outros mantêm a crença de que seus negócios conseguirão sobreviver ao baque. Confiança A cerca de 55 quilômetros do resort de Bates, em Asheville, Carolina do Norte, a lanchonete Early Girl Eatery está cheia de clientes para o brunch de domingo. A atendente diz que a espera por uma mesa pode levar 45 minutos, mas ninguém parece se importar. O restaurante serve pratos típicos sulistas, como truta e churrasco suíno. Georgia Smith, gerente do restaurante, diz que não está preocupada com o abismo fiscal. Acha que a combinação de fluxo de turistas e clientes leais fará com que o restaurante sobreviva a qualquer mudança fiscal drástica. "Temos muitos fregueses habituais", explica ela, lembrando que, ao longo de seus 11 anos de vida, o local já assistiu a muitas alterações econômicas. Além disso, diz ela, Ashville atrai turistas prósperos, que visitam a cidade para apreciar suas galerias de arte, restaurantes e vistas da montanha. "Já houve bastante mudança na vida das pessoas nos últimos dez anos. Não estou superpreocupada." Essa mesma confiança faz com que muitos fora de Washington esperem 2013 com otimismo, apesar da possível falta de acordo entre congressistas para evitar uma crise. Sue Pendley gerencia há 38 anos uma loja de presentes em Maggie Valley, Carolina do Norte, que vende de chapéus a chocolate. Ela também diz que não está pensando muito a respeito do abismo fiscal, em parte porque ela não sabe exatamente o que ele significa. "Acho que ninguém sabe de fato como vai impactar qualquer tipo de negócio ou pessoa até que eles decidam o que vão fazer", opina. Pendley emprega menos de 20 pessoas, incluindo seu filho. Até agora, diz ela, o ano parece que vai ser melhor que o anterior. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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