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Como seria a vida sem ferramentas digitais?

Por Ethevaldo Siqueira
Atualização:

Você já pensou, leitor, como seria hoje a vida humana sem as ferramentas digitais? Gostemos ou não, dependemos, cada dia mais, desses milhares de aplicativos, como os browsers, os processadores de texto, planilhas, softwares de apresentações, banco de dados, fotografia digital, vídeo, telefonia de voz sobre IP, programas para gravação musical, desenho, projeto e tudo o mais. Essas ferramentas computadorizadas revolucionam a gestão de empresas, as profissões, a educação, o entretenimento, o trabalho, a educação, a ciência e as artes. Para a indústria moderna, as mais importantes ferramentas digitais são, sem dúvida, os softwares de projetos apoiados em computador, conhecidos pela sigla CAD (do inglês Computer-Aided Design). Com eles, nascem a cada dia milhares de desenhos de produtos industriais na tela de desktops e laptops, em imagens que parecem ter vida, em três dimensões (3D). Talvez mais do que qualquer outro, o CAD dá ao usuário uma sensação gratificante de poder de criação e inovação porque lhe permite criar objetos, peças, máquinas ou edifícios. Com ele, podemos projetar, visualizar em 3D, com maior velocidade e precisão, videogames sofisticados, objetos de mil utilidades, navios, refinarias de petróleo, enfim, todas as coisas que a civilização nos pode dar. Na semana passada, pude testemunhar a reação e o entusiasmo de uma platéia de 4 mil engenheiros diante das demonstrações dos novos recursos de cada software lançado no SolidWorks World 2008, evento mundial de CAD, que reuniu, aqui em San Diego, profissionais de 70 países, em busca de atualização para seus conhecimentos nessa área. CAD HOJE Não há país desenvolvido que não domine o uso e a produção desses softwares. Embora se torne cada vez mais fácil de usar, como a maioria dos softwares, o CAD evolui com rapidez impressionante. Exige, portanto, atualização permanente do conhecimento do usuário. Muito mais do que outras ferramentas, o CAD é considerado precioso instrumento da criatividade humana para incontáveis formas de inovação, funcionalidade, segurança e produtividade. Jon Hirschtick, co-fundador da empresa SolidWorks e um dos líderes do evento de San Diego, resumiu, numa palestra, a história desse software, desde os trabalhos pioneiros no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o famoso MIT, nos anos 1960, até os dias atuais: "O primeiro software CAD digno desse nome nasceu há exatos 45 anos. Era o Sketchpad, criado pelo professor Ivan Sutherland, do MIT, em 1963. Dá lá para cá, o progresso foi incrível. Hoje, os softwares de projeto e desenho industrial nos ajudam a projetar tudo, de simples parafusos a aviões, satélites e foguetes. Do mais simples objeto pessoal ou doméstico à mais complexa usina produtora de etanol no Brasil." Algumas dezenas de empresas de prestígio surgiram nas últimas quatro décadas no mundo na área de CAD, oferecendo poderosas ferramentas de projeto, como o AutoCad, o SolidWorks-3D, o Catia, o Pro-Engineer, o Inventor e o Microstation. O CAD evolui em todos os aspectos. Nos últimos 10 anos, o grande salto foi a passagem dos softwares bidimensionais (2D) para os 3D. Além da facilidade de uso, esses aplicativos ganham sempre mais confiabilidade. Mesmo assim, essa família de softwares ainda tem muito que evoluir, especialmente num ambiente de convergência tecnológica tão dinâmico como o atual. É provável que, em uma década, quase todos os programas aplicativos de CAD estejam hospedados na internet, especialmente com a popularização dos softwares abertos (open source). Para usá-los, bastará baixá-los nos websites especializados. FILOSOFIA DO CAD Um dos palestrantes mais aplaudidos no evento Solidworks World 2008 foi o dr. Don Norman, laureado com a medalha Benjamin Franklin - conferida a figuras de prestígio, de Albert Einstein, Stephen Hawking e Thomas Edison, por suas contribuições à ciência. Preocupado, acima de tudo, com o bom senso de cada projeto industrial, o dr. Norman focalizou a temática de seus principais livros: The Design of Everyday Things (O projeto de coisas do dia-a-dia) e Emotional Design: Why We Love (or Hate) Everyday Things (Projeto Emocional: Porque amamos ou odiamos as coisas do dia-a-dia). Outro conferencista extraordinário foi Robert Ballard, engenheiro, geólogo e explorador marítimo, presidente do Instituto para a Exploração Submarina (do Mystic Aquarium, em Connecticut). Aventureiro high-tech responsável pela localização e exploração científica de três dos maiores navios já naufragados no século 20 - o Titanic, o HMS Lusitania e o Bismarck - Ballard tem histórias fascinantes para contar ao auditório. Em sua apresentação, explicou como projetou o Jason, um robô submarino famoso, controlado remotamente, que lhe permitiu visitar o interior dos grandes navios, ainda no fundo do mar. Numa apresentação como a de Ballard, é difícil saber o que é mais empolgante: se a tecnologia do CAD ou a aventura humana.

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