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Compensações salvam os resultados da EDP no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Ainda sem todas as contas feitas, os primeiros dados indicam que as empresas da elétrica portuguesa EDP no Brasil, a Bandeirante, a Enersul e a Escelsa registraram no primeiro quadrimestre de 2002 um resultado positivo. Mas não foi por causa dos resultados operacionais, mas pelas compensações devido ao racionamento. "Os números ainda sofrem a influência do racionamento, mas são positivos devido às compensações do governo", afirmou à Agência Estado o administrador da EDP responsável pela área internacional, Fernando Noronha Leal. Sem as compensações, os dados indicam que os resultados seriam ligeiramente negativos: "Há alguma neblina que é preciso retirar para ver os resultados líquidos. Retirando os extraordinários, não são muito negativos, mas não são positivos". Segundo Leal, o BNDES ainda não liberou a segunda prestação das compensações. Apesar de dizer que o acordo foi justo, ele considera as compensações menores do que deveriam ter sido. "Este ano houve um alívio em função do acordo geral do setor. Foi um compromisso equilibrado, sem nenhum benefício anormal ou injusto. As distribuidoras abriram mão de muitos valores para viabilizar o acordo". Para Noronha Leal, a queda do dólar como conseqüência do clima gerado em torno das eleições terá um impacto negativo na empresa. "Nossa preocupação agora é com os meses de abril e maio, por causa da relação entre o real e o dólar, que foi de R$ 2,30, R$ 2,40, para R$2,70. Isso tem um efeito nas empresas com dívidas em dólares". Apesar de a EDP ter adiantado o pagamento das dívidas em dólar da Bandeirante, a Escelsa e a Enersul ainda têm dívidas denominadas na moeda norte-americana. Nos últimos três anos, a empresa contabiliza situações anormais que tiveram reflexo nos seus resultados no Brasil. "Considerando 1999, 2000 e 2001, nenhum desses anos pode ser considerado paradigmático. Em 1999, houve a desvalorização, em 2001 o apagão e agora 2002 é ano de eleição. Ainda não tivemos um ano limpo, sem a influência nos resultados de fatores anômalos. Sempre tem acontecido alguma coisa excepcional que tira a capacidade de avaliar a performance das empresas. Esperamos que ainda se possa olhar para o Brasil com previsibilidade." Em 2001, as operações no Brasil representaram 15% dos resultados da EDP, mas os bons resultados foram conseqüência do pagamento da dívida da Bandeirante em dólares. Neste momento, uma das preocupações da empresa está voltada para o quadro normativo do setor: "Vemos com muita atenção os desenvolvimentos do processo e a continuidade das regras do setor. Estamos à espera em relação às medidas da Câmara de Gestão do Setor Elétrico especialmente o relatório número 3. No próximo dia 20, teremos um conjunto de esclarecimentos adicionais". No entanto, ele reafirma a aposta da empresa no Brasil: "Vemos com preocupação a situação no Brasil, mas nossa estratégia se mantém. Não somos investidores de chegar hoje e sair amanhã. Por isso temos a capacidade de exercer o sangue frio. Não nos deixamos embalar por entusiasmos e não alteramos a nossa estratégia por causa das dificuldades que apareceram. Não dizemos que vamos abandonar o Brasil, como algumas outras empresas do setor". Leal contrapõe a aposta da empresa no Brasil às afirmações de algumas distribuidoras que estariam dispostas a deixar o país. "Não estamos na fila dos que pretendem abandonar o Brasil. As empresas americanas, como a Enron, por outros motivos, a AES e a CNS, se não estão com o pé no ar, têm falado em deixar o Brasil. As razões talvez tenham a ver com a situação no país de origem". Ele coloca a EDP no conjunto de empresas européias que investiram no Brasil: "No entanto, a Endesa, a Iberdrola e a EDF têm consolidado posições no país. Essas empresas têm dado uma pausa nos novos investimentos no Brasil, mas não se ouve dizer que estejam para sair do país". Recuo no consumo Este ano, a previsão é que os resultados operacionais tenham uma queda, como conseqüência do recuo no consumo de energia elétrica. "Em relação a 2002, nossa preocupação é grande. Os consumos de energia ficam teimosamente abaixo do que foram em 2001. Na distribuição, os consumos recuaram três anos. As vendas de energia estão ao nível de 1999". Ele atribui a diminuição do consumo a dois fatores: novos hábitos dos consumidores depois do racionamento e utilização de equipamentos mais eficientes. "Neste momento, os consumidores podem ter um pouco mais de conforto, no que diz respeito ao consumo de energia. É necessário ver que as distribuidoras são sociedades comerciais e têm de garantir retorno aos seus acionistas".

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