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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Competição acirrada e queda de padrões geraram situação caótica

Por Sonia Racy
Atualização:

O caos instalado no mercado financeiro mundial é fruto de uma dinâmica de competição acirrada, acompanhada de queda de padrões. "É uma correção de um injustificado baixo risco cobrado em diferentes ativos", classifica o ex-BC Alexandre Schwartzman, hoje no ABN-Amro. "No fim de maio e começo de junho, destacamos o fato de os spreads dos high yield bonds (papéis de maior risco e, portanto, de maior retorno) estarem chegando a 260 pontos-base e de o Embi estar rondando 150 pontos-base, níveis extremamente apertados. E, ao mesmo tempo, a aversão aos riscos alcançou nível baixíssimo, traduzida em uma perigosa falta de disciplina de investimento", lembra. Os investidores, segundo Schwartzman, tornaram-se algo alérgicos a riscos em lugar de perceberem que o risco em si estava subestimado, pela dificuldade, talvez, de desembaraçar riscos em estruturas complexas de derivativos de crédito. Schwartzman não tem uma explicação que considere satisfatória para esta subestimação de riscos, mas, qualquer que seja ela, os riscos de prêmio estavam grosseiramente precificados. E, quando os problemas da subprime começaram a aparecer, a percepção dos investidores mudou, dando início à turbulência. "Estamos assistindo a um dramático assentamento de riscos e o preço dos ativos vai refletir esta reavaliação." Mas há diferença das crises de 98/99 e 2001/02, no seu ver: o estágio da economia mundial. O mundo, afinal, está crescendo. Até ontem, Fed e BCE já haviam injetado nos mercados, a título de melhorar a liquidez, nada menos que US$ 300 bilhões e, mesmo assim, não conseguiram estabilizar o interbancário nos EUA e na Europa. Mas as perdas com o subprime não tinham sido quantificadas em US$ 100 bilhões, por Ben Bernanke, do Fed, há duas semanas, e em US$ 250 bilhões, pelo mercado? "Existe aí uma grande confusão. A liquidez dada pelo BCE e pelo Fed não significa prejuízos. O que eles estão fazendo é atuar em uma crise aguda de liquidez, proporcionando liquidez aos mercados, na tentativa de manter as taxas do interbancário estáveis, dentro das metas. Tiveram que fazer isto porque boa parte do sistema financeiro se assustou com a volatilidade e deu uma parada estratégica das operações no interbancário, secando o mercado." Estes recursos, portanto, não são a fundo perdido. De um lado, BCE e Fed estão dando liquidez aos mercados, mas, de outro, captam no próprio sistema financeiro, a taxas usuais do interbancário. "O sistema financeiro não teme emprestar para ambos os bancos centrais. E o faz, simplesmente, porque não pode ficar com recursos parados em seus caixas", diz o economista. Em resumo, BCE e Fed entraram no mercado como "garantidores", intermediários de operações que não significam necessariamente prejuízo. Que tamanho têm as perdas? "Não dá para saber, e vai levar um tempão para calcular. Como também não podemos adivinhar até quando os mercados vão precisar ser alimentados pelo BCE e pelo Fed, mas acredito que, em uma, duas semanas, as linhas do interbancário estarão restabelecidas." IMPRESSÃO DIGITAL O Iedi divulga, na segunda-feira, um estudo que mostra uma queda significativa na participação dos produtos de maior industrialização nas exportações do primeiro semestre. O trabalho, de 40 páginas, já conta com a colaboração de Júlio Gomes de Almeida, cuja quarentena expira nesse mesmo dia. "Eu me surpreendi com a velocidade com que essa redução se deu. Uma queda era esperada, mas não do tamanho em que se deu", avalia o ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, que questiona: "Será que o governo tem consciência do que está fazendo com a política cambial?" NA FRENTE IEDI 2 O comércio exterior, diz o ex-secretário, é um espelho do que vai acontecer no investimento, na produção e no emprego à frente. "Essa redução vai culminar em menores investimentos nesses setores e, por conseqüência, em menos empregos." IEDI 3 Certas análises sustentam que não há sinais de que o processo da valorização do real esteja levando a uma desindustrialização no Brasil. E, realmente, diz Almeida, existem apenas indicações desse processo. No entanto, isso teria uma explicação: ao contrário dos dados de evolução industrial mais imediatos, os dados de estrutura do setor - únicos capazes de captar o processo em questão - só aparecem plenamente no longo prazo. APLICAÇÃO A CEF registrou captação líquida da poupança, no primeiro semestre, de R$ 4,3 bilhões, ante captação negativa de R$ 924 milhões no mesmo período de 2006. Segundo o BC, até junho a CEF detinha 32,66% do mercado de poupança. NOS IS O ex-secretário do Ministério da Agricultura Pedro de Camargo Neto faz uma ressalva: "Que me desculpe o presidente Lula, mas a Portaria do flexfuel e o contencioso do açúcar na OMC, únicos fatos estruturais do setor canavieiro, são do fim de 2002, ainda no governo FHC." Ou seja, "a colheita foi no atual governo, porém o plantio foi de FHC". DEVAGARINHO Após dois anos sem mexer no preço da gasolina, a Petrobrás elevou na quinta-feira, na moita, o preço do combustível para os distribuidores, em R$ 0,0075 por litro, segundo registro do site Guia Offshore. Pode parecer pouco, mas já há registros de que, na madrugada de quinta para sexta-feira, quando a informação foi incluída no site da estatal, as distribuidoras aumentaram o valor do litro para os postos em R$ 0,01. RECONHECIMENTO A ONU, por meio do diretor-executivo do programa Pacto Global, George Kell, acaba de comunicar ao presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que o balanço social e ambiental da empresa foi eleito em 2007 benchmarking mundial. MALDADE Circula pela internet: "Depois dos Ouros, Pratas e Bronzes, o Rio volta ao normal... Agora é Chumbo!!!"

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