21 de junho de 2013 | 02h22
A queda de custos deveu-se à diminuição das tarifas de energia, à redução dos juros e ao corte de tributos. Nos três casos, os benefícios tendem a ser temporários, por conta dos reajustes periódicos das tarifas de eletricidade, da mudança na política monetária e das pressões sobre a Receita Federal decorrentes da queda da arrecadação.
Em 2012, a presidente Dilma Rousseff comprometeu-se a reduzir as contas de energia elétrica em 20%, porcentual que seria ainda mais alto para as empresas consumidoras intensivas de eletricidade. Isso não ocorreu. Na prática, calcula a CNI, os custos com energia elétrica caíram apenas 5% entre os primeiros trimestres de 2012 e de 2013. Os descontos aplicados em fins de janeiro foram em parte consumidos pelas revisões tarifárias previstas nos contratos de concessão, aplicadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Além disso, muitas indústrias compram energia no mercado livre, onde os preços caíram menos do que no mercado cativo. Esse se baseia em contratos de fornecimento de longo prazo com as distribuidoras de energia.
Com a queda do juro, o custo do capital de giro para a indústria chegou a cair 27,1%, entre o quarto trimestre de 2012 e igual período de 2011, mas o recuo foi bem menor (22,5%) no último trimestre. Com novas rodadas de alta da taxa básica pelo Banco Central, como se espera, cairá também essa vantagem financeira da indústria.
Nas mesmas bases de comparação, o custo com pessoal da indústria cresceu 7,7% (menos do que nos trimestres anteriores, na casa dos dois dígitos). Mas os custos com bens intermediários ainda cresceram 9,6%, no caso dos bens nacionais, e 12,3%, no caso dos importados. A alta das cotações do dólar terá, assim, um impacto nos custos industriais, embora possa ser compensada pelas indústrias exportadoras.
É cedo para prever que custos menores propiciarão uma retomada industrial sustentável.
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