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Compra da BrT pode ser inviabilizada, diz Falco

Anatel estuda exigir empresas distintas para voz e dados

Por Renato Cruz e Michelly Teixeira
Atualização:

O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, afirmou ontem que, se a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ou o governo impuserem condições à compra da Brasil Telecom (BrT), o negócio pode se inviabilizar. "Qualquer coisa que destrua o valor da nova companhia pode colocar em risco a viabilidade da operação", disse o executivo durante o Painel Telebrasil, na Bahia. A formação da BrOi, como foi apelidada a nova empresa, depende de mudança no Plano Geral de Outorgas (PGO), um decreto presidencial cuja nova redação está sendo discutida na Anatel. Os conselheiros da agência estão divididos sobre a inclusão de uma exigência para que as concessionárias fixas criem uma empresa dedicada exclusivamente ao Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), licença que permite oferecer comunicação de dados. "Acho que não sai a operação (se a Anatel estabelecer a separação de ativos)", disse Falco, ressaltando que uma eventual necessidade de as teles criarem uma empresa específica para dados, como banda larga, geraria ineficiência tributária e impediria o grupo de explorar sinergias operacionais. "Se o PGO botar coisas espúrias, vai causar problemas à operação", comentou o presidente da Oi. O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, também está preocupado com a inclusão de novas exigências no PGO. Ele disse que "não quer ser penalizado sem que seja beneficiado". Falco apontou que existe um movimento para que a Oi não compre a BrT. "Estão querendo que a gente não nasça para ser a terceira via, uma alternativa aos espanhóis e mexicanos", afirmou o executivo, referindo-se à espanhola Telefónica e ao grupo mexicano Telmex/América Móvil, dono da Embratel e da Claro. Falco rebateu críticas sobre o relacionamento da empresa com o governo. "Tentaram transformar um evento empresarial em político." Em 2005, a Oi, então chamada Telemar, investiu R$ 5 milhões na empresa Gamecorp, que tem entre seus sócios Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Lula. Além disso, a Andrade Gutierrez, que está no controle da Oi, foi a maior doadora da campanha do Partido dos Trabalhadores em 2006. O investimento na Gamecorp e a doação da Andrade Gutierrez têm sido apontados por críticos da aquisição da Brasil Telecom pela Oi. "Não existe nenhuma relação", disse Falco. "Zero." Segundo ele, a compra da Gamecorp se justifica pelo fato de os jogos serem o segundo conteúdo mais procurado para download nos celulares, depois da música. O executivo também disse que a operadora não tem nada a ver com doações que seus acionistas façam para campanhas políticas. Na terça-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que teme a compra da Brasil Telecom pela Oi, que pode virar "outra coisa", com a combinação do poder estatal e de fundos de pensão, "controlados por um único partido". Falco elogiou a inteligência de FHC e disse: "Tenho certeza de que, se o ex-presidente tiver acesso a um material estruturado sobre a operação, vai ver que ela é boa para o Brasil."

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