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Compra do mês nos supermercados deve ficar <BR> mais barata

Por Agencia Estado
Atualização:

Os índices de preços de maio devem registrar forte retração, a considerar as negociações que estão sendo feitos entre a indústria e o varejo. O recuo do dólar, que embute também uma redução dos preços do petróleo, já estaria gerando impacto nos produtos de higiene e beleza. As tabelas destes itens apresentadas nos últimos dias trazem uma redução de 4% a 5% nos valores, de acordo com informações do presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Sussumu Honda. Segundo ele, este recuo da indústria teve origem não só nos resultados de abril, que ficaram abaixo das expectativas por causa da demanda contida, como também da necessidade de girar os estoques. "Com os juros no nível atual, manter os depósitos cheios é perder dinheiro em razão do custo de administrá-los", disse. Ele estima que o Índice de Preços dos Supermercados (IPS) de maio, medido em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), pode fechar em 0,50%, diante de uma variação de 1,55% em abril. Estes dados, segundo Honda, estão em sintonia com a retração dos índices que medem os preços no atacado. Um grupo de fornecedores de porte, em encontro reservado, teria até reclamado do fraco desempenho das vendas em abril. A criação de estoques, prática que tinha sido abandonada com a estabilização da economia, foi retomada com o repique da inflação nos últimos meses. As empresas usaram este recurso para se proteger contra as remarcações sucessivas por parte dos fornecedores. Mas agora, com a persistência das taxas de juros acima de 25% ao ano e o fim das remarcações, está se tornando inviável mantê-lo, o que pode contribuir para a retração dos preços. O empresário argumenta ainda que as eventuais reduções de custos geradas pela queda do dólar frente ao real não devem ser usadas nem pelos varejistas nem pela indústria para recuperar perdas, como foi aventado por representantes do setor. "A baixa demanda não permite recomposição das margens." Efeito retardado dos juros Segundo Honda, os efeitos dos aumentos de juros do final de 2002 e inicio de 2003 estariam chegando agora, por meio do enxugamento da parcela da renda destinada ao consumo. Da mesma forma que as eventuais alterações para baixo a serem feitas agora chegarão na ponta apenas no final do ano. Isto se os cortes forem significativos, pois um ou dois pontos porcentuais ainda manteriam a Selic, a taxa básica de juros da economia, em nível proibitivo para novos investimentos. "Ninguém faz investimentos com uma taxa de 26,5%", disse. Daí sua previsão cautelosa com respeito à recuperação do faturamento do setor neste ano. Até abril, a perda real acumulada dos supermercados paulistas foi de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado, usando o critério do mesmo número de lojas. Se forem consideradas as aberturas de novos estabelecimentos, este porcentual cai para 1,2%. "Não esperamos uma reação rápida", afirmou. Na sua opinião, as informações que balizam a tomada de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ao definir a taxa básica da economia são muito defasadas e portanto prolongam desnecessariamente o sofrimento dos setores produtivos. "Um mês pode parecer pouco, mas é muito quando se trata da tomada de decisões de investimentos e geração de emprego."

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