Publicidade

Compradores do ABN iniciam cortes de 19 mil empregos

Por OLESYA DMITRACOVA
Atualização:

Os três compradores do ABN Amro estão iniciando a tarefa de cortar cerca de 19 mil empregos, mais da metade deles na Holanda, enquanto tentam reter as "estrelas" da instituição, os profissionais que geram as maiores receitas. Para o Royal Bank of Scotland --que liderou a comprado banco holandês por 71 bilhões de euros (102 bilhões de dólares), feita em conjunto com o Fortis e o Santander --, é grande a pressão para que repita o sucesso que teve quando comprou o rival de maior porte NatWest, sete anos atrás. "A lição que você leva do NatWest é que as pessoas que estamos adquirindo fazem a maior diferença", disse o presidente-executivo do RBS, Fred Goodwin. O RBS vai se dedicar especialmente a evitar a fuga da equipe do banco de investimentos do ABN, que tem relacionamentos que trazem importantes receitas para a instituição holandesa. A oferta de lucrativos pacotes de incentivo a grandes nomes do ABN pode ser uma maneira óbvia para convencê-los a ficar, mas pode causar tensão com a equipe do Royal Bank of Scotland. Entre os nomes do ABN que devem ser alvo de medidas de retenção está Tom Willett, que assessorou a operação de compra da Scottish Power; Jitesh Gadhia, que trabalhou na maior aquisição internacional feita por uma empresa indiana; e Fiona Clutterbuck, cujo relacionamento com Hugh Osmond tem ajudado o ABN a aconselhar a seguradora Pearl, incluindo a oferta pela rival Resolution . RBS, Santander e Fortis afirmam que podem cortar 19 mil empregos no mundo. Combinados com o ABN, a força de trabalho chega a 400 mil pessoas. O ABN tem cerca de 100 mil funcionários, incluindo 23 mil na Holanda. Quase metade dos cortes será na Holanda, onde o Fortis terá sobreposição de clientes com o ABN, depois de ter comprado as áreas de varejo e gestão de ativos e fortunas do banco holandês. Mais cortes podem ocorrer na área de atacado, onde o Royal Bank of Scotland terá que integrar negócios do ABN com seus próprios em um momento difícil para os mercados de capital. Enquanto isso, o Santander enfrenta a menor pressão para cortes de empregos uma vez que não terá quase nenhuma sobreposição importante entre seus atuais negócios e unidades do ABN que está comprando. O trio de bancos afirma que vai precisar de três anos para completar todas as reduções de custos, segundo Ahmed Kansouh, do sindicato holandês de trabalhadores CNV, que representa grande porção dos funcionários do ABN na Holanda. "A maior ação vai acontecer nos próximos nove meses. Dentro de dois anos, 90 por cento (dos cortes de empregos) já terá sido feito. Então, eu creio que será muito mais rápido que três anos." (Reportagem adicional de Mathieu Robbins, Clara Ferreira-Marques e Steve Slater, em Londres, e Jane Barrett, em Madri)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.