PUBLICIDADE

Conceito "inércia inflacionária" é mal utilizado, diz Fipe

Por Agencia Estado
Atualização:

O coordenador da Pesquisa de Preços da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Heron do Carmo, disse hoje que o termo "inércia inflacionária" está sendo mal utilizado pelo mercado. Segundo ele, a inércia pode ser considerada presente na formação de preços só quando a inflação muda de patamar, para cima, e a partir deste novo nível os preços ainda continuam subindo gradativamente. "No nosso caso foi o contrário. A inflação saiu de um patamar de 2% ao mês para uma taxa mensal de cerca de 0,50% ao mês", afirma Heron. Neste caso, diz ele, o que existe na economia brasileira é a realimentação da inflação. "A inércia, pelo termo correto da física, implica em um corpo se manter permanentemente no estado em que se encontra", diz Heron. Segundo ele, no caso da inflação, a inércia está associada ao repasse da inflação passada. E o único mecanismo de transmissão da inflação passada para os preços atuais seriam os salários que, com raras exceções, estão repondo integralmente a inflação acumulada nos últimos 12 meses. Até mesmo o Banco Central, de acordo com Heron, tem usado o termo inflação inercial indevidamente. "A política econômica do BC está bastante clara. A taxa de juros não cai porque o BC tem se esforçado para reduzir a inflação o mais rápido possível para dentro da meta. O termo é que poderia ser mudado dentro dos comunicados do BC", afirma Heron do Carmo. Emprestar para governo é lucro certo e impede queda de juros Ele também destacou que as taxas de juros para o consumidor não vão cair enquanto os bancos puderem contar com a comodidade de emprestar dinheiro para o governo. Segundo Heron do Carmo, isso acontece porque "só o governo garante os lucros dos bancos. Negociar com títulos do governo é lucro certo sem a menor taxa de risco. Por isso eles cobram o que querem do consumidor." Para ele, o governo se endividou muito no mercado financeiro e só poderá ver as taxas de juros caírem para o consumidor quando se ver livre deste "enrosco". "O caminho para isso é o superávit primário. Sou até a favor de que se eleve a taxa de superávit primário para que as taxas de juros possam cair com maior rapidez", afirma o economista.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.