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Concordata da American Airlines terá impacto menor para passageiro

Estresse maior é entre credores, funcionários e acionistas, porque os aviões seguem voando, as milhas ainda são boas e a reservas costumam ser honradas 

Por Clarissa Mangueira e da Agência Estado
Atualização:

NOVA YORK - A reestruturação durante um pedido concordata de uma companhia aérea pode ser dolorosa e perturbadora para credores, funcionários, aposentados, fornecedores, acionistas e até mesmo concorrentes dessa empresa, mas o impacto sobre os passageiros é bem menor: os aviões continuam voando, milhas de passageiros frequentes ainda são boas e as reservas ainda são honradas.

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O pedido de concordata em um tribunal de Nova York pela holding AMR e sua subsidiária American Airlines não deverá ter muito impacto direto sobre os passageiros, afirmou o Wall Street Journal. A American ficará menor, sem dúvida, e a redução dos horários de voos terá um impacto de longo prazo. No curto prazo, poderá mesmo haver uma "venda de concordata" para fazer com que os viajantes continuem comprando bilhetes da companhia.

As disputas com os sindicatos trabalhistas se tornarão mais intensas, com os trabalhadores sendo forçados a aceitarem contratos que eles não aprovam. Isso poderá afetar o serviço que os viajantes recebem quando voam com a American Airlines.

No longo prazo, a American Airlines deverá se recuperar da concordata com custos mais baixos, assim como ocorreu com a Delta Air Lines e United Airlines.

Porque a American Airlines pediu concordata após passar uma década tentando evitá-la? A resposta mais direta é que a companhia não podia se dar o luxo de continuar perdendo dinheiro. No ano passado, a empresa foi a única grande companhia aérea norte-americana a ficar no vermelho. A AMR registrou um prejuízo líquido de US$ 471 milhões. A Delta teve um lucro líquido de US$ 593 milhões, enquanto a United reportou um lucro líquido de US$ 854 milhões. Esse ano deverá encerrar do mesmo jeito.

Os altos preços do petróleo afetaram acentuadamente os resultados da American Airlines. A companhia tem um frota de aviões menos eficientes em consumo de combustível quando comparada a muitas de suas rivais. Essa é uma grande desvantagem e o Tribunal de Falência poderá permitir que a companhia abandone mais rápido o arrendamento de aviões mais antigos, reduzindo sua programação de voos.

A United e a Delta realizaram fusões para se tornarem maiores e mais fortes. A American, formalmente a maior companhia aérea dos EUA, caiu para o terceiro lugar em termos de transporte de passageiros. Sua posição no mercado se enfraqueceu, à medida que a companhia encolheu enquanto seus concorrentes têm se consolidado em grandes redes globais que têm atraído mais negócios.

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Mas os custos trabalhistas são a grande questão. A Delta, United e US Airways usaram o Tribunal de Falências para forçar enormes concessões sobre salários, benefícios e regras trabalhistas para pilotos, comissários de bordo, mecânicos e funcionários em terra. Os sindicatos dos funcionários da American fizeram concessões à companhia em 2003, mas a empresa ainda tem o custos trabalhistas mais altos entre seus rivais.

Os executivos da companhia que prometerem uma cultura mais competitiva após 2003 pagaram a si mesmos bônus e aumentaram salários enquanto seus empregados continuavam a fazer concessões. A liderança se evaporou. Com o pedido de concordata, o presidente e executivo-chefe da companhia, Gerard Arpey, pediu demissão. Ele resistiu ao pedido de concordata o tempo todo, mesmo quando a maioria de seus concorrentes tinha tomado esse caminho. Mas ele não conseguiu tornar a companhia lucrativa.

Diante disso, a companhia aérea está indo ao Tribunal, em um esforço para obter a imposição de contratos de trabalho mais favoráveis. Vai ser doloroso para gestores e trabalhadores, e parte da dor irá se espalhar, sem dúvida, para a cabine de passageiros.

No final, uma nova companhia irá emergir o que pode ser mais competitiva e ter mais estabilidade no longo prazo. Isso é bom para os viajantes e trabalhadores. As informações são da Dow Jones.

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