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Concorrência reduz margens de lucro

Por Cláudia Trevisan , YIWU e CHINA
Atualização:

Por muito tempo, Yiwu era explorada somente pelos grandes importadores de São Paulo, que se encarregavam de distribuir as mercadorias às lojas da Rua 25 de Março e aos inúmeros negócios populares espalhados pelo Brasil. Mas, há cerca de três anos, comerciantes de todo o País começaram a se aventurar na cidade chinesa, o que aumentou a concorrência e reduziu as margens de lucro dos tradicionais compradores. Zein Sammour é um dos maiores importadores de mercadorias populares do Brasil e faz compras na China desde 1996. Há sete anos ele vai a Yiwu, duas vezes por ano. "Nos últimos três anos, aumentou a concorrência", afirmou Sammour no Hotel Best Western de Yiwu, localizado ao lado do mercado e onde se hospeda a maioria dos negociantes estrangeiros. Em sua importadora, tudo vem da China. De lá, Sammour vende para varejistas de todo o Brasil.O chileno Herbert Tapia morou durante 24 anos em São Paulo e há três anos se mudou para Yiwu, para dar assessoria a brasileiros na cidade. "Antigamente só vinha gente de São Paulo. Agora, vêm pequenos importadores de todo o Brasil. Qualquer lojinha de R$1,99 faz compras aqui", disse Tapia.Dono da loja Fort Tudo, de Fortaleza, Marcílio Fonteles costumava comprar seus produtos de importadoras em São Paulo. Há um ano, foi pela primeira vez a Yiwu. Desde então, já voltou quatro vezes. "Aqui é excelente. Tem preço e variedade", ressaltou Fonteles, que compra brinquedos, presentes e utilidades domésticas.José Carlos Bona, dono do Ponto Certo Atacadista, de Indaial (SC), viajou neste mês pela terceira vez a Yiwu. A primeira foi em 2008, mesmo ano em que a rede de varejo e atacadista Arca Mania, de Fortaleza, começou a importar produtos da cidade. "Yiwu agora é o foco", afirmou Guilherme Pegado, da família dona da empresa.Segundo Pegado, 40% do que eles vendem é importado da China. Grande parte do restante é de produtos plásticos produzidos em uma fábrica da família.Outro grande importador de São Paulo, Gerson Góis, da Campineira, vai a Yiwu desde 2002 e, até 2008, costumava visitar a cidade duas vezes por ano. Agora, vai apenas uma. "Está difícil encontrar novidades e, no nosso segmento, tem de ter novidades", observou. Segundo ele, também não é raro encontrar no Brasil produtos de Yiwu com preços mais baixos que os oferecidos na cidade chinesa.Marcelo Pereira, que tem importadora e loja em São Paulo e vai de cinco a seis vezes ao ano a Yiwu, também reclama da concorrência. "Há muitos chineses indo para o Brasil e vendendo a preço muito baixo. Alguns estão trabalhando com margem de lucro de apenas 30%."Segundo o comerciante Fabio Caliman, muitos chineses conseguem condições mais vantajosas de compras e são donos de empresas familiares, o que reduz seus custos e permite a oferta de preços mais baixos.

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