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Concurso foi feito por entidade sob acusação

Cespe já é investigado em processos de seleção para entrada no serviço público

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Por Redação
Atualização:

Para realizar o maior concurso de sua história, o Ipea contratou, sem licitação, uma entidade acusada de cometer irregularidades justamente em processos de seleção para entrada no serviço público. O Ministério Público Federal no Distrito Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) desenvolveram trabalho de fiscalização e auditoria nas contas do Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos), ligado à Fundação Universidade de Brasília. A entidade foi contratada pelo Ipea para elaborar e aplicar as provas do seu concurso. As investigações apontaram para o favorecimento de prestadores de serviços e candidatos. Ao mergulhar nas contas do Cespe, a CGU constatou problemas, sobretudo pagamento irregular ou mesmo ausência de comprovação de efetiva prestação de serviços. O montante dos recursos irregularmente aplicados no período de 1996 a 2005 foi de R$ 210,6 milhões. A CGU informou ter recebido na semana passada uma denúncia anônima sobre supostas irregularidades no contrato com o Ipea. Disse que irá apurá-las em conjunto com a Ciset, órgão de controle das entidades subordinadas à Presidência da República, caso do Ipea. No contrato firmado com o instituto, ficou estipulado que o Cespe seria remunerado pela cobrança da taxa de inscrição de R$ 120 de cada candidato - 13 mil pessoas se inscreveram no concurso. O contrato estava baseado em duas dispensas de licitação: 36/2008 e 67/2008. Além da remuneração com taxas de inscrição, estava previsto o repasse de R$ 289 mil para o centro. Segundo Fernando Ferreira, diretor de Administração e Finanças do Ipea, desse total, R$ 36 mil iriam para subsidiar as inscrições de quem não poderia pagá-las. O restante seria aplicado no curso de formação a que serão submetidos os aprovados no concurso. Segundo Ferreira, esses valores ainda não foram pagos ao Cespe. Questionado sobre o motivo da contratação de uma empresa que já foi investigada por irregularidades, Ferreira afirmou que "o contrato firmado com o Cespe está previsto em lei e que a procuradoria do Ipea deu parecer favorável à contratação". "Nossa análise é legal, não investigativa", completou. O Estado solicitou a ele cópia do parecer, mas até o fechamento dessa edição não obteve o documento. O Ministério Público Federal informou que foram abertos quatro procedimentos administrativos para apurar denúncias de irregularidades nas provas do concurso. Dois já foram arquivados. Os outros estão em andamento. Procurado, o Cespe defendeu o conteúdo das provas, mas não comentou acusações de irregularidades.

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