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Confiança do consumidor atinge o mais alto nível em dois anos

Índice da FGV saltou de 0,7% em março para 3,5% este mês. Para analistas, resultado comprova aquecimento

Por Alessandra Saraiva
Atualização:

O otimismo com o futuro da economia do País impulsionou uma arrancada da confiança do consumidor em abril, que atingiu o melhor nível em dois anos. É o que mostrou ontem o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ao saltar de 0,7% em março para 3,5% este mês. Analistas argumentam que o resultado comprova um cenário de atividade aquecida na economia - o que pode acelerar as expectativas de inflação para os próximos meses, por causa da possibilidade de um crescimento sustentável da demanda no mercado interno. Para o superintendente de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e responsável pelo cálculo do indicador, Aloísio Campelo, não houve nenhuma notícia nova entre março e abril que justificasse a arrancada na confiança. Na prática, o que ocorreu foi uma compreensão, por parte do consumidor, de que a economia está mostrando bons resultados que podem se configurar em tendência. "Existe uma onda de otimismo entre os consumidores de que a melhora na economia vai continuar nos próximos meses", resumiu. O mercado de trabalho favorável também foi destaque na pesquisa. De acordo com Campelo, desde o início do ano ocorre uma melhora contínua na avaliação do consumidor quanto aos rumos futuros do emprego. Isso torna o consumidor mais confiante em relação à sua situação financeira, tanto na avaliação presente quanto nas projeções para o futuro. O cenário beneficiou as expectativas de compras de bens duráveis (como automóveis e geladeiras) que em abril mostraram o melhor desempenho em 22 meses. A fatia de consumidores entrevistados que apostam em aumentar seu volume de compras nos próximos seis meses desse tipo de produto saltou de 11,8% para 13,1% de março para abril. Já a parcela de consumidores pesquisados que preveem diminuir o ritmo de compra de bens duráveis caiu de 29% para 27,3%. Mesmo com os bons resultados, o especialista da fundação fez uma ressalva. Há um entendimento, por parte do consumidor, de que os juros vão subir. A fatia de pesquisados que estima uma alta nos juros nos próximos meses avançou de 42,3% para 46,8%, de março para abril. "Mas isso, pelo menos até o momento, não impediu o consumidor de manter um grau de otimismo, nem mexeu muito com as perspectivas de compras de duráveis", acrescentou Campelo. Aquecimento. Para os analistas da consultoria Tendências, Bernardo Wjuniski e Rafael Bacciotti, o ICC mostra que a atividade econômica mostra-se bastante aquecida. Na avaliação dos especialistas, o desempenho dos principais indicadores, como a produção industrial e as vendas no varejo, é bastante robusto e a trajetória dos principais condicionantes da demanda doméstica segue evoluindo de maneira consistente. Porém, os analistas apostam numa redução no ritmo de expansão ao longo do ano. Isso porque, em 2010, o consumidor não contará mais com os incentivos fiscais do ano passado, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em produtos de linha branca e automóveis. Além disso, assim como os consumidores entrevistados para cálculo do ICC, os especialistas também preveem alta de juros e apostam no início de um ciclo de aperto monetário hoje, com o aumento na taxa básica de juros, atualmente em 8,75%, na reunião do Comitê de Política de Monetária (Copom).

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