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Confira o depoimento de brasileiros que viajaram com empresas low cost

Passageiros têm de comprar direito à bagagem de mão e até refeição em voo entre Rio de Janeiro e Londres

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

As experiências dos brasileiros que foram para o exterior em um voo de baixo custo variam. Há os que aprovaram a viagem, principalmente se conseguiram comprar a passagem em uma promoção, mas reclamações como cheiro de comida durante toda a viagem e tripulantes mal treinados costumam ser bastante frequentes em sites de avaliação como o TripAdvisor. Confiram abaixo o depoimento de alguns brasileiros que experimentaram as companhias low cost que estão operando no Brasil.

Joao Moris, que viajou para Londres com a Norwegian Foto: Arquivo Pessoal

João Moris, tradutor e jornalista, 62 anos

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Empresa: Norwegian

Trecho: Rio de Janeiro – Londres

Eu fui do Rio para Londres com a Norwegian. Eu já tinha voado com low cost antes (na Europa), mas nunca um voo internacional. Quando vi que a Norwegian ia viajar para cá, achei bem legal e aderi. Como era alta temporada, paguei uns US$ 750. Nas outras, estava por volta de US$ 900. Para mim, foi inusitado, porque cada item tinha de pagar. Escolhi pagar para reservar o assento, pela refeição e para despachar bagagem. A reserva não tem fim. Vai aparecendo tudo para você comprar. Os US$ 750 que paguei incluía já esses extras (assento, refeição e bagagem). O avião era novo, mas o espaço era pequeno para as pernas e a poltrona quase não reclinava. Mas, hoje, estão quase todas as companhia aéreas assim. Tem tudo no cardápio no voo: cobertor, fone de ouvido, água, tudo é pago. Uma hora depois de decolar, mais ou menos, abriram um sanduíche do meu lado e na minha frente, que tinham levado de casa. As bebidas, (os passageiros próximos) tinham comprado em lanchonete e restaurante da área de embarque. O meu jantar, trouxeram em uma caixinha de papelão retangular. Era bem básico. Não fiquei com fome, mas era pouca comida: duas almôndegas, arroz, legumes e uma sobremesa. Não tinha salada. Teve café da manhã também (incluso quando se compra a refeição a bordo), mas, quando cheguei, estava com fome. A Norwegian não dá água e suco de cortesia para os passageiros, caso tenham sede durante o voo, como é praxe em voos internacionais. Na volta, me irritei. Estava do lado de gente com garrafa, comida. Senti que só eu tinha pedido refeição. O avião fica cheirando a comida o tempo inteiro (porque as pessoas levam seus lanches). Hoje eu estaria disposto a pagar até R$ 1.000 a mais para voar com mais conforto e sem tanta mesquinharia, como foi no voo com a Norwegian, em que paguei US$ 3 por uma garrafinha d'água.

Raul Faust, advogado de Joinville que viajou para Florianópolis com a Flybondi Foto: Arquivo Pessoal

Raul Faust, advogado, 27 anos

Empresa: Flybondi

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Trecho: Florianópolis – Buenos Aires

Uma amiga minha me convidou pra viajar pra Buenos Aires e procuramos os voos mais baratos na internet. Eu nunca tinha ouvido falar em Flybondi, mas minha amiga disse que era uma empresa low cost. Eu vi no TripAdvisor vários comentários negativos sobre a companhia, que eles cancelam em cima da hora e que aviões são velhos. Vi tudo de pior que podia acontecer no mundo. Mas aí conversei com um amigo que é engenheiro, e ele me disse que o avião não cairia, porque a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) fica em cima. Eu procurei passagem com outras empresas também, mas eram bem mais caras. Comprei só passagem de ida, com um mês de antecedência, e paguei R$ 500, com bagagem despachada. Outras custavam entre R$ 1.200 e R$ 1.800. No dia do voo, o check-in era online, igual ao de outras empresas, e só despachei a bagagem. Tudo foi relativamente rápido, nem mais rápido nem devagar que outras empresas. Os atendentes do aeroporto falavam português e espanhol. Embarquei no horário normal, não atrasou nem dez minutos. Dentro do avião, o avião estava bem limpo. Não vi nada diferente de outras companhias brasileiras, mas achei um pouco estranho que, no começo, falavam em espanhol e em inglês. Aí entendi os primeiros comunicados em inglês. Depois de um momento, começaram a falar só espanhol. Eu não entendi mais nada. Nesse aspecto, fiquei meio perdido. Se você quisesse tomar uma água, tinha de pagar. Não comprei nada. Não sei nem quanto era, porque estava todo mundo falando espanhol e eu fiquei até com vergonha de me manifestar, porque não falo espanhol.  Quando cheguei lá, a bagagem chegou também. Deu tudo certo, mas o aeroporto não tem estrutura nenhuma. Não dá nem pra fazer câmbio. Eu só tinha real. Minha amiga tinha peso e acabou me salvando. Pegamos um ônibus para o centro de Buenos. Um ônibus de linha, bem rápido e bom. Eu viajaria de novo (com a Flybondi), com certeza. Pelo preço, vale a pena. Acho que a única questão é se você tiver algum problema e precisar entrar em contato com eles, porque o atendimento é todo digital.

Juçara Nascimento, em Buenos Aires, após voo 'horrível' com a Flybondi Foto: Arquivo pessoal

Juçara Nascimento, aposentada, 60 anos

Empresa: Flybondi

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Trecho: Rio de Janeiro - Florianópolis

Fui em novembro para Buenos Aires. Apareceu uma promoção e minha filha comprou a passagem. Pagou R$ 250 a ida e a volta. Foi muito barato, mas a gente só tinha direito a bagagem de mão. Quando fiz o check-in, marcaram eu e meu marido na mesma poltrona. Aí fomos ver isso e não tinha lugar marcado pra ninguém, mas consegui sentar com meu marido. O voo foi horrível. A única coisa boa foi a pontualidade. O avião é muito velho. Desconfortável sujo. As poltronas eram tipo assento de ônibus municipal.  Quando fui sentar, minha poltrona estava suja, como se alguém tivesse derramado iogurte nela. Pedi para a comissária limpar. Ela passou um papel toalha para tirar o que estava melado e ponto. Já viajei com low cost na Europa e o serviço foi muito melhor. Depois de entrar no avião, só voltei a ver a tripulação no desembarque. Não passaram em nenhum momento nem para oferecer água nem para vender nada. Amassaram minha mala toda na hora de fechar o bagageiro superior. Danificaram a alça dela. Reclamei quando cheguei ao aeroporto, e eles disseram que não se responsabilizavam pelo dano. O aeroporto é muito pequeno. Sem estrutura nenhuma. Não tem muita orientação. É tudo muito tumultuado. Já tínhamos contratado, ainda quando estávamos no Rio, um serviço de transfer. Aí fizemos câmbio quando chegamos no hotel, porque não tem no aeroporto. Eu não voltaria a viajar por eles. Não vale a pena o preço. Por ser uma empresa nova, poderia fazer a promoção pra mostrar o serviço, mas não convenceu. Na Europa, já viajei com a Ryanair. O atendimento dos tripulantes, a aeronave e os aeroportos eram melhores. Durante a viagem, não oferecem nada gratuito para comer ou beber, mas passam o serviço, você pode comprar. Tudo muito organizado.

Evanio Marinho da Silva, que viajou no Chile com a SKY Foto: Arquivo Pessoal

Evanio Marinho da Silva, bancário, 49 anos

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Empresa: SKY

Trecho: Santiago – Calama (Chile)

Quando fui comprar a passagem, tive um pouco de receio de escolher a SKY, porque nunca tinha viajado com low cost. Mas comprei pelo preço. A diferença para a Latam era bem grande nessa rota. Eu adicionei bagagem de mão, uma bagagem despachada e comprei assentos. Isso encareceu bastante e ainda assim ficou uns 30% mais barato do que na Latam. No voo, eu até me surpreendi. As aeronaves são mais antigas, mas em bom estado de conservação. Os voos foram muito pontuais. Tudo que você quer consumir tem de pagar, até a água. Não comprei nada nem consultei preço. Os comissários foram solícitos durante a viagem, mas, no embarque, foram muito rigorosos com o tamanho da bagagem. Notei certa falta de habilidade dos funcionários do aeroporto para lidar com situações que são corriqueiras. Eles não são muito amigáveis para lidar quando o passageiro está com uma bagagem maior do que a permitida. Mas tem passageiro também que costuma exagerar. Viajaria com eles de novo depois dessa experiência. Passou um pouco o receio. Para quem vai fazer viagem curta, sem bagagem ou mesmo adquirindo bagagem de mão, o custo é muito inferior. 

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