Publicidade

Conflito de objetivos entre o governo e o Banco Central

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O governo parece não ter a mesma dose de preocupação do Banco Central (BC) com a inflação. Enquanto o governo quer mais crescimento do PIB - e para isso até renunciou à meta fiscal -, o BC, que sabe que terá de apresentar boas razões para uma inflação que ultrapassa os limites estabelecidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mostra-se preocupado com os efeitos da desvalorização cambial sobre a alta dos preços. Foi por isso que recentemente tomou nova medida para conter a desvalorização da moeda nacional.Não se trata da primeira medida, assim como também esta não parece muito eficaz para o que se deseja. Até agora, o BC utilizou diversos meios para conter a desvalorização do real. A intervenção tomou a forma, basicamente, de swap cambial, que na realidade é a venda de dólar no mercado futuro. No fundo, uma volta ao sistema de venda de dólares com promessa de recompra. Outras medidas foram o aumento para cinco anos da autorização para os exportadores repatriarem suas receitas em divisas estrangeiras e a redução, de três anos para um ano, da incidência do IOF nas entradas de capitais.Todas essas medidas tiveram um efeito muito reduzido para estimular as entradas de dólares no País, como indica o resultado das transações cambiais até 14 de dezembro. Por isso o BC acaba de tomar nova medida: o recolhimento de compulsório de 60% sobre a posição vendida dos bancos passou a valer para US$ 1 bilhão, em vez de US$ 3 bilhões, a título de estímulo para que os bancos mantenham caixa em dólares.Na realidade, uma posição comprada é mantida pelos bancos quando eles acreditam que a desvalorização cambial continuará ou quando têm compromisso de reembolso e veem uma valorização. Ora, a medida do BC visa a valorizar mais o real, além de favorecer um clima de maior liquidez, que as autoridades monetárias estão condenando.Para um efeito maior seria desejável que o BC atuasse como comprador de maneira mais constante no mercado cambial, conseguindo, assim, reduzir a desvalorização. Mas trata-se de uma operação custosa, embora o montante de nossas reservas internacionais a justifique.Alguns consideram que a suspensão do IOF sobre os derivados seria a maneira mais eficaz de conseguir derrubar a desvalorização, mas hoje derivados é uma palavra feia nos meios bancários. E essa medida ainda exigiria um exame cuidadoso de cada operação que pudesse representar risco elevado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.