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Congresso aprova texto-base do Orçamento 2020 com previsão de salário mínimo de R$ 1.040

De acordo com a proposta, mínimo não terá aumento real no ano que vem, apenas compensação da inflação; parlamentares da oposição ainda tentam reverter essa situação

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Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - O Congresso Nacional aprovou o texto-base da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020. Na sequência, deputados e senadores ainda vão analisar seis sugestões de alteração na proposta. Um dos pontos que levantam polêmica é o reajuste do salário mínimo para o ano que vem.

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De acordo com a proposta, o salário mínimo não terá aumento real em 2020, mas apenas compensação da inflação. O texto aprovado pelos deputados e senadores prevê o salário mínimo em R$ 1.040. Mas, o próprio governo já enviou, no fim de agosto, uma nova estimativa para o Congresso, de R$ 1.040, por meio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLOA) de 2020 - este texto, porém, não foi votado hoje e ainda está na Comissõa Mista de Orçamento (CMO). O governo tem até o fim do ano para definir sua política de salário mínimo para 2020.

A política de aumentos reais (acima da inflação) vinha sendo implementada nos últimos anos, após ser proposta pela então presidente Dilma Rousseff e aprovada pelo Congresso. 

Os reajustes pela inflação e variação do PIB vigoraram de 2011 a 2019, mas nem sempre o salário mínimo subiu acima da inflação. Em 2017 e 2018, por exemplo, foi concedido o reajuste somente com base na inflação porque o PIB dos anos anteriores (2015 e 2016) teve retração. Por isso, para cumprir a fórmula proposta, somente a inflação serviu de base para o aumento.

O relator da LDO, Cacá Leão (PP-BA), afirmou que o Congresso aguarda o envio de uma nova política para o salário mínimo por parte do governo e que, "com muita dor no coração", não poderia aceitar a sugestão de alterar o texto enviado pelo governo.

O Congresso Nacional vota a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020. Foto: Gabriela Biló/Estadão

"Gostaria muito de acatar os destaques, mas a gente não tem amparo legal para fazê-lo. Preciso seguir o que está na Constituição e torcer para que o governo envie até o final do ano a nova política do salário mínimo", declarou o relator. Ele disse que um novo cálculo poderá ser incorporado à Lei Orçamentária Anual (LOA) quando o governo enviar uma nova proposta.

Reajustes

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O Congresso também ampliou o rol de servidores que podem ter aumento salarial se houver recursos para a concessão destes benefícios. O texto inicial, enviado pelo governo, estabelecia que, se houvesse verbas disponíveis no Orçamento e autorização da LDO, militares e seus pensionistas poderiam obter a “concessão de vantagens e aumentos de remuneração”.

Agora, o texto permite que, nas mesmas condições, “servidores civis, membros de Poderes” possam pleitear o aumento nas remunerações. Ainda nestas circunstâncias, ou seja, havendo dinheiro para tanto, o governo poderá também criar cargos e funções.

Emendas parlamentares

O relatório da LDO, a ser votado por deputados e senadores traz uma brecha para que as emendas indicadas por comissões da Câmara e do Senado e pelo relator do Orçamento também tenham execução obrigatória. Hoje, somente as emendas indicadas individualmente pelos congressistas e pelas bancadas estaduais são impositivas.

A manobra foi relevada pelo Estadão/Broadcast. O relator contestou a interpretação de que as emendas serão todas impositivas. "É uma inovação, realmente, feita nesse relatório para trazer ainda uma maior transparência do acompanhamento fiscal do orçamento", afirmou Cacá Leão.

O relator do orçamento, Domingos Neto (PSD-CE), tem uma avaliação diferente. "Essas emendas (de comissão e de relator) poderão ser contingenciadas (bloqueadas) com um valor maior do que as impositivas, mas não poderão ser, como acontece hoje, remanejadas ou ter dotação cancelada”, disse Neto na semana passada.

Correções

Texto corrigido para informar que o salário mínimo de 2020 previsto na LDO foi fixado em R$ 1.040. Em agosto, porém, o governo já enviou ao Congresso outra previsão, de R$ 1.039, que ainda não foi votada pelos deputados e senadores. 

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